Prosa Poética

Quando eu me for...

Quando eu me for
 
por aí
 
desalinhado nesta plateia
 
que espreita sorrateiramente
 
entre as cortinas veladas
 
da solidão
 
saberei assim quão benevolente
 
é este abrigo onde alicerçamos
 
toda a poesia que escreveremos
 
na lápide do tempo
 
 
Quantas recordações deixámos
 

Dormindo com as estrelas

É diferente
 
a minha solidão, dos outros
 
é vulgar  minha tristeza
 
pregada na ensurdecedora
 
aurora que desponta
 
saltitando emocionada
 
entre dois cálices
 
repletos de desassossego
 
 
E assim nasce um mundo novo
 
onde cada instante se faz poesia
 
e cada eternidade uma avassaladora
 

Frágil

Exalou daqui
 
minha áurea insegura
 
até aos confins do mundo
 
onde deleito
 
meus olhos e te contemplo
 
ávido às mãos sublimes
 
do Grande Criador
 
 
Ressarciste-me a solidão
 
redesenhaste-me
 
as órbitas dos seres graciosos
 
que vagueiam pela meiga noite
 
imaginando-te formosa

Amanhecer a oriente

Por viagens e atalhos
 
discretos
 
percorro em silêncios
 
toda a migração indubitável
 
dos meus selectos instintos
 
acato vagamente teus olhares
 
em mares orientais oriundos
 
da balsâmica e refulgente luz
 
com que divagamos nosso amor
 
ao luar
 
descansando entre as clareiras
 

Descompasso

Descompasso no tempo
 
relevo no vento que disfarça
 
tua sedução em suspiros de
 
longanimidade inusitada
 
 
Descompasso
 
na luz que improvisa
 
todas as formas da
 
já longa escuridão
 
onde tua doçura simples
 
suavisa os silêncios perfumados
 
num longo abraço em dias
 

Tridimensional

Em canto porque
 
assim a vida em mim existe
 
e por cada instante se ali
 
te visse
 
atravessava até as noites
 
pra te curar de manhã
 
com beijos repletos de tanto amor
 
 
Em canto porque
 
assim permaneço em verso
 
defronte do teu indisfarçável elogio
 
faço até ponte
 

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