Prosa Poética

A arte do eu

Eu, Matheus, sou falso. Cheguei a essa conclusão hoje de manhã. Não falo o que é necessário, apenas o desconfortável para as pessoas. A indiferença correu minhas vísceras, tudo é tanto faz, tanto fez; se eu morrer amanhã, não faz diferença, nem para mim, quiçá, nem para todos. Sou honesto o bastante para admitir meu amor pelo mundo. Quero ser parte dele, uma peça do quebra-cabeça, jogar o seu jogo e raciocinar como ele. Simultaneamente, faço o possível para afasta-lo.

ULTIMATUM d`AMOUR

 

 

ULTIMATUM  d`AMOUR

 

 

antes que ame-a invisível

como um herói previsível

não me queixarei da presença

de um provisório tormento

 

ou de um perene lamento

em meu taciturno presente

como um dilema, um poema

um fonema que não consolide a rima

nas melodias, correnteza acima

navegando contra a corrente

e usando ínfima cadência

 

tolerando a negligência

que não ultrapasse a urgência

dessa solicitude

que é meu amor compartilhado

Interiorização do silêncio

Interiorizei nas palavras o dom mágico e sublime
Da silêncio tão arrebatadoramente crente e longânime
Deixei resvalar uma maré de preces quânticas e unânimes
 
Interiorizei tantas horas perdidas na alameda da fé mais ampliada
Prognostiquei nestes versos uma rima tão enfeitiçada…quase sedada

A Queda

A dúbia ressaca moral que corrói o pulmão, secando o ar corrompido pelas tentativas falhas de se reerguer. Minha ourobouros devorando o próprio pecado na medida que se satisfaz. Estou intoxicado pelo vírus da enganação, como Apóstolo Paulo diz: ‘’Porque haverá homens amantes de si mesmos… desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural’’, homem com a pomba branca morta no peito, sou mais que ímpio; desobediente e ingrato pelas oportunidades. Não suporto mais olhar o reflexo penoso de um sujeito acabado.

O perfume da invisibilidade

Invisivelmente o tempo submerge ao redor de
Uma surpreendente fluorescência quase, quase irreal
Banal, tão banal a manhã traja uma prece mui consensual
 
Invisivelmente cada hora propaga-se num milésimo segundo real
Sua plenitude amara juntinho àquela lágrima infeliz e substancial

O que fazes aí...

O que fazes aí…sentada cabisbaixa tristonha e solitária
A manhã nasceu e ainda inacabada além fenece sedentária
Triste, tão triste se tornou qualquer emoção prantiva e consternada
 
O que fazes aí…olhando para o tempo oscilando num tsunami
De lamentações poéticas desassossegadas e absurdamente sumárias
Deixa que alma penetre do âmago das melancolias mais prioritárias
 
O que fazes aí…esquecida num centímetro de silêncios tão usurários

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