Prosa Poética

Entre a Janela e a Porta

Entre a janela e a porta, mais de vinte e três anos se passaram. Anos de cigarro e vento, de insônia e prazer, quase nada sem arrependimento. Cada passo entre a porta à janela agora é mais fácil. Já fui mais fechado ao azul e ao violáceo. Outra janela, essa outra mais cheia de vida, tantas e tantas vezes pesou nos olhos a vontade da fantasia. Entre a janela e a porta, só o longe é possível. Estar entre a janela e a porta é usar os detalhes para preservar a miudeza da minha feiura irreparável. Vinte e três passos contidos. 

Meu Prefácio poético

Meu Prefácio poético

No entrelaçar das letras, surge um ser especial,
Jimbi, eu sou a luz que ilumina meu caminho vital.
Meu sorriso é um sol que desponta ao amanhecer,
Aquecendo corações, fazendo a alma renascer.

Com cada passo dado, deixo marcas de amor,
Um eco de risadas, um refúgio encantador.
Meus sonhos são estrelas que brilham na imensidão,
Em cada gesto sincero meu, resplandece paixão.

A chuva também sabe dançar

A chuva dança ao som de uma rumba elegante e arrebatadora
Sapateia entre cada pingo de chuva caindo no meio da solidão desertora
Sua sincopação extravasa a sensualidade de todas as carícias tão generosas
 
Ao som de um prodigioso eco o tempo tatua cada hora macilenta, felina e refulgente
Revela-me as nitentes batidas do coração que respinga ao ritmo de cada uivo urgente
Enquanto flamam palavras prenhes e seduzidas pela escuridão mansa e fluorescente
 
FC

flores

vozes
procuro canto
canto
vozes
canto num canto
poesia fria
eu canto palavras que se encontram.

visto palavras
embriagadas num sabado de aleluia
veste teu corpo de poesia
embalada em cores perfumadas nas noites
frias de novembro
não se diz boa noite numa noite fria de novembro
ouço canto.
canto.

POESIA-rio / POESIA-ponte

 

 

 

#escritapoética #metalinguagem #expressividade

 

 

Mais que mera expressão intelecto/literária, a poesia é o fio do sabre que deduz do abutre o mais sublime azul (segundo Adão Ventura -poeta mineiro- em seu incrível livro “Abrir-se um abutre ou mesmo depois de deduzir dele o azul” (publicado no  século passado, quando então, eu me debutava na solene arte da escrita literária...).

 

A poesia desintegra partículas, formula postulados, distribui benesses, e condensa em palavras o conteúdo da matéria anímica.

 

Dói-me tanto a alma...

Hoje esgotou-se a solidão trajada de silêncios quase impunes
Deixou resíduos de mágoas, ali a bolinar tão serenamente vulneráveis
Devorou a luz que imune, se escondia entre as fendas do tempo imparável
 
Hoje dói-me tanto a alma que até me esqueci de lograr o silêncio impenetrável
Ver entardecer o dia regando com lágrimas o jardim de preces mágicas e afáveis
Costurar neste poema a indumentária de cada uivo felino, voraz e indecifrável
 

Latidos na noite

Numa poça da noite liquefaz-se um ruído mágico e atrevido
Esgueira-se de esguelha pelas frestas do silêncio mais esquivo
Em cada leda palavra satura-se a luz prenhe de breus tão impulsivos
 
De ruídos e latidos grunhe a solidão exposta ao espantalho do luar compulsivo
Ateia o fogo a estes versos perfumados com afagos insuflados num uivo contido
Simula um atalho escoando num lamento tão ensurdecedoramente expressivo
 

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