Prosa Poética

A camuflagem do silêncio

A camuflagem do silêncio é esbelta, serena, pacífica e reverente
Forja da luz subtis fluorescências tão alucinantemente omnipresentes
E de olhos nesta solidão candente amara além o céu vibrante e transparente
 
A camuflagem do silêncio dilui-se no tempo e em cada hora irreverente

Onde caminha o mar...

Caminha o mar sobre as margens da maré tão alta, tão paliativa
Numa amálgama de palavras marulha a maresia ainda mais afetiva
Além uma elástica prece apascenta a fé que brada domada e depurativa
 
Nos caminhos do mar o tempo navega à bolina de uma brisa exaustiva
Irradia aquele reboliço de ilusões coloridas por ondas de afetos imperativos
Quase maquiavélica cada hora flerta um sedento enamorado segundo furtivo
 
Frederico de Castro

Liberdade de expressão

Liberdade de expressão é quando nossa essência expande ao desconhecido. Quando somos folhas transvoando todas as ruas e os novos bairros. Para alguns, as folhas ao vento são uma dança da natureza, bailando o ar no compasso da beleza. Já para outros, as folhas sujam as avenidas, amiudadamente tendo que serem varridas para em seguida serem sujas novamente. Nada mais claro que expressão é o nosso ser interrompido e fomentado ao mesmo tempo.

NOTA ALTA

Numa nota alta solfeja a manhã suas coloridas efervescências
Pula de brisa em brisa orquestrando com tamanha excelência
O bailado sinfónico orbitando numa eclíptica palavra com eloquência
 
Numa nota alta lá vai o SOL aconchegar-se aos céus voláteis e amenos
Deixa com DÓ a vida esvair-se num LÁ flácido perfumado de uivos serenos
Ali gemem duas lágrimas pautadas no pentagrama dos afagos extraterrenos
 
FC

Solidão a dois

Nesta solidão a dois esbraceja o dia prenhe de uivos rudes e insensíveis
Coesos, todos os lamentos vadiam a milímetros da solidão tão horrível
Sem guarida as palavras embebedam-se no mosto dos silêncios indefiníveis
 
Nesta solidão a dois o tempo deixa ruborizados todos os beijos impossíveis
Com destreza afaga as lágrimas caindo qual colírio das horas remíveis
Sibila com a elegância hiperproteica das palavras etéreas e quase inaudível
 
FC

Vida paulistana

Saiu da casa dos pais, mas percebeu em pouco tempo o caos da vida adulta. A infância balsamada por doces, amigos e brinquedos infelizmente se perdeu. Disseram que se lutarmos muitos, podemos ter tudo o que queremos; chega a ser cômico, ele conclui. É mais sobre influência e egocentrismo.

Preconceito

Um dos temas que me despertam o interesse é o preconceito. A natureza humana é curiosa, usamos de artifícios baseados em sua própria primazia para justificarmos nossas mazelas. Escravizamos o outro em nome de uma abstrata nobreza racial. Os colonizadores tinham sobre a ótica do mundo uma lupa, e essa lupa enxergava o outro como formiga, não só enxergava como a exauria com a ‘’luz da razão’’. O pretexto racionalista levou o homem tão romantizado pelas poesias e eras de ouro a cometer pérfidas atrocidades.

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