Prosa Poética

VAGANDO

 

 

 

Quando me atina, saio cedo

de meus relógios costumeiros

e vou até ao centro

assuntar um pouco no Café Nice.

 

Depois ensaio um fortuito passeio

em meio ao tráfego

que me deserta na multidão.

 

Apresso-me sem receios

como uma flor romântica

que intenta

uma declaração de amor.

 

E -enfim- dou-me por vencedor

ao concluir esta jornada

a salvo

de meus relógios insólitos...

 

 

 

 

 

 

CAPRICHOS DA SORTE

 

 

 

caiu em meu telhado

algo vindo do céu

caiu como um meteorito pesado

caiu como um drone desgovernado

caiu como um satélite inoperante

 

mas

por que justo em meu telhado?

se havia o planeta inteiro para dispor...

 

e tendo ocorrido este incidente

melindrou-me a circunstância

de ter sido meu telhado

o único (dentre tantos)

contemplado com telhas quebradas

 

 

 

Preso

Sinto-me preso
Encarcerado em ciclos viciosos
De masturbação compulsiva
E bebedeira descontrolada
Entalado entre pensamentos impuros
Que circulam entre o misogenismo
E a pedofilia
Rodeado por grades
Que me fazem transitar
Entre a sanidade e a loucura,
A tristeza e a alegria,
O gosto pela vida e a ânsia pela morte
A culpa por tudo é grande,
Mas as tentações cedidas pelo diabo
E pelos que com ele corroboram
É cem vezes maior
E o meu génio fraco
Faz com que ceda a tudo,

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