Prosa Poética

tenho medo

Tenho medo

Já rasguei a página

Onde tinha escrito os meus medos guardados

Agora escrevo um poema rasurado

Onde abandono despojos de recordação

Entre túmulos e sarcófagos

Jaz minha mente cansada.

No campo de batalha…escrevo-te uma carta

De sentidos doridos, de alma ferida

Estou cansado de escrever!!!

Cartas debotadas, rasuradas

Desta guerra, dentro do meu ser

Das lágrimas que verto

Ao sentir o tempo correr.

Já não sei se te amo

Ou se te faço sofrer

Já não sei se te quero

folha rasurada

Folha rasurada

Olho para ti, alva

Branca e limpa

Absorvo a tua textura , desabafo…

Ai!! Como te quero rasurar!!!

Meu peito dói-me, alguma metáfora sairá

E enaltecerá o que meus olhos abarcam

E quando passar na viela

Verei rostos brilhando, sorrindo para uma vida

Desenho com palavras, os rostos os sorrisos

Traquinas e jovens …invejo!!

E rasuro dentro de mim a minha inveja

Que outrora também foi traquina e jovem

Rasuro pela palavra, desejo

Desejo ser eternamente jovem

Um de nós...

Encontra-me a delicada
 
flor
 
onde as pétalas sedentas
 
antes do tempo seu fruto
 
amadurecer
 
mergulham na solidão do dia
 
colorindo a vestimenta
 
delicada dos teus jardins onde cada
 
perfume saboreia
 
desperta, respira e alimenta
 
 
Invento a suculenta noite
 
onde me abrigo

Nocturne

Soltam-se as noites
 
em ventos acometidos
 
no breu dos tempos
 
Diverte-se a solidão
 
dormitando em cada manhã
 
que fenece consumada
 
crepitando, astuciosa
 
pelas insónias apagando
 
todas as escuridões do dia
 
morrendo exumadas
 
 
- Deixei de ler na biblioteca
 

Inverno deste dia...

Em cada poente renasce
 
fiel
 
toda a cumplicidade
 
quando pende pra ti
 
meu sol envergonhado
 
te abraçando de soslaio
 
 
Deleito-me com os fados desta vida
 
murmurando-te encarcerado
 
juntinho a cada faúlha de tempo
 
que me foge exasperado
 
 
Restaram lembranças
 

FURAR BURACOS N'ÁGUA

         FURAR BURACOS N'ÁGUA

Vivo tentando furar buracos n'água.

    Simbolicamente tudo que faço,

           é furar buraco n'água.

    Desde o ventre da minha mãe,

    estou furando buracos n'água!

        Lá no ventre da minha mãe,

fui furar buraco n'água a primeira vez.

Quando mexi, para furar... A bolsa estourou!

Desci com a bolsa e tudo e caí cá fora!

Sofri traumatismo craniano, não conhecia pai nem mãe,

   irmãos, enfim; não conhecia ninguém. 

  Fiquei quinze dias com os olhos fechados.

Click no silêncio

Vou por esses caminhos
 
andando tímido
 
descalçando minhas tristezas
 
à fome
 
entre as esquinas dos afectos
 
gemidos, desertando acometidos
 
 
 
Dou um click nos meus silêncios
 
implorando afeições que ladeiam
 
as mesmas prateleiras
 
onde guardo solenemente
 
as dores marchando resignadas

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