Soneto

Momentos

Rubis rubros carnudos
Sonantes solfejos
Abraços apertados
Em ardentes cortejos!

Âmagos desnudados
Lânguidos beijos
De êxtases desfolhados
Pelo chão dos regozijos...

Eloquentes braços de flores
Voluptuosos, esplendidos...
De pétalas de amores!

Magníficos sabores
Sumarentos, diluídos
Em espuma de odores!

ÊXTASE

            ÊXTASE

 

Fui longe , ao caminhar naquele dia...

Morava a quietude onde cheguei !

Só o murmúrio da água se ouvia,

Corria sob a ponte que encontrei.

 

Intïma natureza se me abria !

Esmaeci ! Embeveci ! Voei !

Entreguei-me à mística, à fantasia !

Embriaguei-me de belo... Me enlevei !

 

Nessa contemplação, senti-me em graça !

O eco do amor encheu meu peito.

Desejei um futuro sem defeito.

 

É nessa doce paz  que Deus me abraça !

Ingratidão !

           Ingratidão !

 

Na tua voz, nada foi elogiado.

Sequer vi um  olhar de agradecido

Por tanto que fiz sem me teres pedido.

Ou p'lo que não fiz , quando merecido !

 

Fui pedra inquebrável...mas ferida.

Ou flor tristonha, frágil, delicada.

Quebrei longos silêncios...desolada.

Impedi tanta vez a  derrocada.

 

Quando olho p'ra trás, nem sei que vejo!!!

Doses absurdas de puro egoísmo !?

Ou esforços gratuitos d' heroísmo!?

 

Meu peito, guarda ainda o <tal> desejo!

Sinais eternos

            Sinais eternos

 

Sempre lado a lado, formando um par !

Bicam-se como jovens a beijar !

Ele, orgulhoso no seu emproar,

Vai-a seduzindo , p'ra  acasalar !

 

A pombinha branca age ignorando.

No chão do jardim, vai-se alimentando.

Ele, firmemente, a vai volteando

Até obter o que está cobiçando!...

 

Jardim de pombos e flores enfeitado !

De casais, que o amor vão libertando !

Alegria pura se vai soltando !...

 

Passarão gerações neste relvado

Desperdício

            Desperdício

 

Deixei passar mil sóis, despercebida...

Lua cheia que não me iluminou

A noite ! Decrépita... Enegrecida !

Nem reparei no tempo que passou !

 

Nessa indolente e vã monotonia,

Nem forte escarcéu me sacudia,

Afundada em desafeto e apatia,

A queda no fundo, tão fácil seria...

 

Mas sou rocha dura ! Não sou quebrada !...

Sou couraçada a duras investidas...

E trago em mim, visão mais alargada.

 

E despertei dum sono insalubre,

CENTELHA CINTILANTE EM VOZ DE PAZ E DE HARMONIA

Centelha cintilante em voz de paz e de harmonia
Talham veios em meu corpo como fazem pelo vento
Ofuscada pela luz que lhe retrata em seu unguento
Em mágica fortuna que portar não deveria

Adendo em seu chamado que proclama-se por bento
Consagrado por justiça sobre o sangue de outro dia
No arrebol dessa sentença que o fogo consumia
Em passos convertidos de efeito bem mais lento

NÃO SE ATREVA A ME REGAR COM ESSA FORTE TEMPESTADE

Não se atreva a me regar com essa forte tempestade
Nem se atreva a me largar por entre os veios desse solo
Não procure me dispor por nobre fruto o teu consolo
Das raízes dessa terra é que tiro a tua bondade

Já não sei se por verdade ora retiro já o teu dolo
Ou se ele dado o tempo ora faz-se ser verdade
Não se atreva a soletrar o que se faz casualidade
Pois não sou assim perdido e tampouco sou tão todo

TUA PELE TÃO MORENA BEM ME DÁ A MINHA COR

Tua pele tão morena bem me dá a minha cor
Os teus passos, mia menina, me seduzem como o mar
Tua face de tão bela bem esconde o teu olhar
E tua boca tão vermelha me soletra o que é amor

No teu corpo de mulher é que eu desejo navegar
Pelas águas de tua pele inundada de calor
Doce anjo tão perfeito eu lhe digo sem favor
Que apenas no teu nome é que eu posso então amar

TU QUE VAIS A PÉ POR SOBRE O FOGO EM TUA FAZENDA

Tu que vais a pé por sobre o fogo em tua fazenda
Com teus passos de menina sob pernas de mulher
Tu que não tens nada e ainda assim tens o que quer
Não conhece então fronteiras e nem nada que lhe prenda

Tu que com teu verbo faz o dia então chover
Pra regar a flor silvestre que floresce na tua senda
Tu que não conheces poesia que lhe adenda
Bem lhe digo que é verdade tudo o que não possa ver

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