MARCAS DO TEMPO
Autor: SELDA KALIL on Wednesday, 5 November 2014
Marcas do tempo
Marcas do tempo
Ancestralidae-Mulher
Vem de longe, Mulher, a tua história!
Da alvorada do tempo, em expansão.
Entre feras e medo e ramaria,
Foste fêmea e mãe, na escravidão!
Sob malvada e besta tirania
E a coragem ocultada em mansidão,
Ousaste Mulher! Com sabedoria.
Sobreviveste pela força da razão !
Hoje, a tua voz inda é calada
Por forças obscuras, de olhar de breu.
Tua vida, comandada, aprisionada...
Desse tempo ancestral, dessa alvorada,
Girou o sol e a terra engrandeceu !
Só a mente d' alguns ficou parada !
CRUZ
Mulher, não vais querer o meu Amor
Pois é do meu coração uma fértil lavra
Brota laços; quando ama jamais a livra
Nele trago todo de mim e o meu pudor
Ele paciente, meigo e tradutor da dor
É do meu coração verdadeira palavra
É fonte única da minha estável fevra
É da minha bondade o singelo penhor
De más mulheres, já bebeu peçonha
Mas inda tem brilho que o sol desvia
Ele traz paz dum branco de cegonha
Pai nosso... abaixo solo já finado,
Carrego às lágrimas desta oração,
Uma dor que abafa meu coração,
Por dizerem que foste chacinado!
Não sei se... ou... estava destinado;
Sei que duro é não ter sua atenção.
Sem ti, vivo à tamanha desolação;
Deveras, sem ti, me sinto afinado.
Àquele jazigo onde terno dormes,
Desconhecem meus pés o caminho;
Que no despertar, o meu... tomes.
Porque sem ti, dias todos definho;
Irmãos meus, a mim conformes;
À vida... faz-nos falta o seu carinho
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Nestes catorze versos criei lume,
Com palavras nascidas de um acaso;
Cada palavra viva é mais que um caso:
É uma flor que inebria com perfume.
Nestes versos criei intensidade,
Na folha de papel nua, sem cor...
Para ser alegria ou até dor,
Todo o momento tem uma verdade.
Sem as palavras, não existem versos;
Sem os versos, não brilham sentimentos
Nos peitos solitários e dispersos...
Que sensual ternura nessa tua voz existe,
Que mal a oiço em mil delícias me afundo?
Porquê que a vontade de um beijo não resiste,
Quando olho dentro dos teus olhos bem no fundo?
Que sinuosas curvas nesse teu corpo esculpiste,
Que ao vê-las de carnal prazer todo me inundo?
Porque é que a tua ausência é um pranto que persiste,
E mal te vejo vibro... deusa, serás tu deste mundo?
Viciada em você