Soneto

Menina ... donzela !

    Menina... Donzela!...

 

Sei d' uma menina, jovem, formosa,

Em seu lindo traje, sensual, rendado.

De passo sereno e harmonioso,

Leva um tesouro... Ainda vedado !...

 

Seus lábios frescos da cor das romãs,

D' olhar tão doce ! ... Mas malicioso !

Perfume de flor, d' aroma a lilás,

Sorriso atraente e tão gracioso !

 

Vai desfilando e lançando charme.

Toda ela graça ! Causando espanto !

Despertando sonhos... Olhares em chama !

 

Menina donzela ! Segura e bela,

Transparência

               Transparência

 

     Se fosse de vidraça a minha alma,

     Saberiam que desejos encerra.

     Simples, banais... e não desejam guerra,

     Só ternos afagos em tarde calma !

 

     Minha alma muitas vezes soluçou.

     E chorou. Mas nem eu a vi chorar.

     A sorrir, cada vez se levantou.

     A cantar, voltou sempre a caminhar.

 

     E quem não conhece a alma d' alguém,

     Desconhece sua essência, seu ser.

     Não sabe dar. Não pode amar ninguém !

 

MÃE

    MÃE

 

SONHEI CONTIGO MÃE ! ESTAVAS TÃO PERTO !

CINTILAVA LUZ  AO REDOR DO ROSTO !

ERAS JOVEM, BELA ! SORRISO ABERTO !

EMITIAS O CALOR D' UM SOL-POSTO.

 

MAS SE DA TUA IMAGEM SÓ RETENHO,

A D' UM ROSTO CANSADO, SEM IGUAL,

D' UM CORPO FRÁGIL MAS DE FIRME EMPENHO,

 COMO TE VI ASSIM TÃO DIVINAL !?

 

EU CORRI PARA TI ! CHAMEI... M' OLHASTE!

E, SERENAMENTE, TU M'  ENVOLVESTE

DE TERNURA, D' AMOR , SEM ME TOCARES !

 

FORAM INSTANTES BREVES, ESBATIDOS.

CANSAÇO

CANSAÇO!

DESPERTEI COM A AVE QUE CANTAVA.

O PORTÃO DO QUINTAL, GEMIA AO VENTO.

O SOL ACOLHEDOR JÁ ESPREITAVA !

SAÍ  DUM SONHO ONDE SEMPRE ME INVENTO.

 

ERGUI-ME DEVAGAR, VIRADA AO CÉU.

A ÚLTIMA ESTRELA, DESFALECIA !

MEU OLHAR SEDENTO BUSCAVA O TEU !

NA ESPERANÇA DE SER COMPREENDIDA.

 

TEU OLHAR ERA FRIO, INDIFERENTE !

OS SINAIS QUE EMANAVAS, FUGIDIOS.

TERNURA PARTILHADA... QUASE AUSENTE !...

 

E FUI-ME DESVIANDO, DEI-TE ESPAÇO,

QUE CRESCEU E FICOU MAIS DISTORCIDO.

A Maravilhosa Máquina do Tempo

O tempo jamais correrá, pois as horas em si não têm pés

Sua vida, seu sonho e o que mais bem quiser só dependem de seu caminhar

Não há nas certezas da vida, a vida em qualquer um lugar

Há traços, rabiscos, rascunhos em fim, há só fatos gravados em grés

 

Se crê que no fim vencerá, que teu futuro será um bom lar

As palavras, as frases e toda oração, serão teu conforto ao invés

Mas se crê em tua própria ambição como um sol que te guie através

Toda a luz e calor, todos os raios do sol se afundarão em poeira estrelar

 

Soneto de Amizade

Se te alegro com o que eu escrevo,

Me presenteie com um sorriso

Para que eu sinta que te devo

Abraçar-te em meu juízo.

 

Cada palavra que te deixo

Certa lembrança tua exijo;

Sincera, doce como um beijo

Que toca o coração mais rijo.

 

Tomara, sejas sempre alegre

Mesmo com meus textos mais tristes!

E minha caneta exubere

 

Esses momentos tão sublimes

De nosso encontro inusitado

De tanto amor inesperado.

SAUDADE

ANDEI PELOS CAMINHOS DA SAUDADE.

TRILHEI TODOS OS CANTOS DO PASSADO,

NA BUSCA DE ANTIGAS EMOÇÕES,

NO RASTO DE CALOROSAS SENSAÇOES. 

 

QUIS VER SE  O CÉU AINDA ERA TÃO ESTRELADO !

SE AS AVES MANTINHAM A MELODIA.

SE O JASMIM AINDA ERA PERFUMADO

E SE A FONTE,  CANTAVA MELANCOLIA !

 

VAGUEEI POR LUGARES JÁ ESQUECIDOS !

VI VÃS CONVULSÕES DE  APAIXONADA !

E, DELÍRIOS TONTOS DA MOCIDADE.

 

E VOLTEI À LUZ DA REALIDADE.

PERCEBI QUE O PASSADO É QUIMERA !

ENTARDECER

            ENTARDECER

 

    COMO É BELO ESTE CALMO ENTARDECER!

    INUNDA  A ALMA DE PAZ, DE BRANDURA!

    DESPERTA-ME EMOÇOES D' ENTERNECER,

    PÕE NA ALMA, DESEJO DE CANDURA.

 

    AO LONGE, NO HORIZONTE AFOGUEADO,

    VEJO SAFIRAS, RUBIS A LUZIR!

    A PÉROLA D' AMBAR EM TOM DOURADO,

    SUBTILMENTE SE ESCONDE, QUER FUGIR.

 

    A BRISA INDELÉVEL M' ACARICIA,

    E ME ENVOLVE D' AMOR DE FANTASIA!

    É SONHO, REALIDADE... ENTRELAÇADOS!

 

GAIVOTA

           GAIVOTA

 

   UMA GAIVOTA PRENDEU MEU OLHAR,

   COM O SEU VOO, PAIRANDO NO AR.

   FLUTUA AO VENTO, SEM MEDO DO MAR.

   ONDEIA SERENA, EM SEU BALANÇAR.

 

   FOSSE EU GAIVOTA, SOUBESSE VOAR!

   BAILAR SOBRE ONDAS, REVOLTAS DO MAR,

   NA ESPUMA BRANCA DAS ONDAS, LAVAR

   AS FERIDAS. E MÁGOAS AFOGAR.

 

   MAS NAO TENHO ASAS! NÃO SEI VOAR!...

   CINJO-ME À VIDA QUE DEUS ME QUIS DAR.

   QUE SORTE TIVE! TRÊS FILHAS P'RA AMAR!...

   

   NÃO PAIRO SOBRE ONDAS DE MAR ABERTO.

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