Soneto

Histórias Encantadas têm Final Feliz?!...

Histórias Encantadas têm Final Feliz?!...

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“Era uma vez”, d’ Histórias Encantadas,
Daquelas que embalaram a alva infância –
Que os românticos dão plena importância
Ao fascínio dos contos e das fadas.

Quem alimenta o seu âmago com
Os reluzentes sonhos da alegria,
Consegue dosear o dia a dia
E entender o que a vida tem de bom.

“Era uma vez”, acaba eternizado
Por quem se faz amante, sendo amado,
E escreve a fábula que o peito diz,

Soneto de Casamento

 

Te adonaste de mim por inteiro,

Me entreguei, me entrego a ti sem pudor

Nem receio de ser teu canteiro

Para plantares em mim teu amor.

 

Dar-te-ei os frutos verdadeiros,

Os mais doces e belos em favor

Do amor que te juro, sem receios

De ver negada a alegria e o louvos

 

Da solidão dos dias... e das noites

-Essas sim, perversas companheiras:

Viciosas, ilusórias, traiçoeiras!

 

A isso renuncio pelos açoites

Da maltratante paixão restante

A Cruel Predadora

 

A Cruel Predadora

 

Nós somos a presa que é perseguida

Por aquela implacável predadora

Que na sua caminhada devoradora

Se aproxima sem poder ser detida.

 

A nossa inútil luta pela vida

Só poderá ter uma vencedora,

Aproximando-se devastadora

Da sua vítima frágil e vencida.

 

Quando não esperamos, ela ataca...

Podemos pensar que nos esqueceu

E que são só os outros que ela apaga.

 

Mas ninguém escapa de ser seu,

Ela cumpre sempre a sua ameaça,

A TRAIÇÃO DO TEMPO

 

A TRAIÇÃO DO TEMPO

 

Voaram segundos, minutos e horas;

Dias, semanas e meses galoparam

E os invisíveis anos abalaram...

Enfim, a minha vida foi embora!

 

O tempo partiu e nada tenho agora...

Por tudo o que meus olhos amaram,

Por aquilo que eles não observaram

E jamais verão, a minha alma chora!

 

Lamento não ter feito quase nada,

Quando o tempo ainda vivia comigo

E a querida vida era a minha amada!

 

Agora que o tempo fugiu com a vida,

Barco Encalhado

Vês-me, tal como eu sou, velho e usado,

Já não me dás valor nem atenção,

As rugas, as brancas e a lentidão

Afastam-te deste barco encalhado.

 

Isolaste-me da tua sociedade,

Sem eu ser assassino nem ladrão

Enclausuraste-me nesta prisão,

Lixeira de cadáveres adiados.

 

Também eu já tive a tua juventude,

Também esse teu  mundo já foi meu

E eu, por ele, fiz o melhor que pude.

 

Ajuda quem ainda não faleceu,

Lembra-te de que fui jovem como tu

E que tu serás idoso como eu!

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