Tristeza

ESTE GOSTO AMARGO NA MINHA BOCA

Este gosto amargo na minha boca
Esta boca faminta e sem desejo
Este desejo de fugir da vida
Esta vida salsa e sem importância
Esta importância que tem a tristeza.

Esta tristeza de quatro paredes
Estas paredes azuis como o céu
Este céu que não é minha morada
Esta morada de vil solidão
Esta solidão própria do poeta.

Este poeta soez, sem a amada
Esta amada presente na saudade
Esta saudade que traz um alento
Este alento que se esvai com as horas
Estas horas de uma singela tarde.

LÁGRIMAS EM FLOR

Que te regues por si só, minha pequena margarida
E que não haja nesse mundo quem lhe possa acalentar
Pois só assim descobrirás que não é só a luz solar
Que lhe irradia essa vida sedutora e tão querida

Que te valas por si só, com nada mais que acrescentar
Que nem o brilho das estrelas nem a forma de sua vida
Ora conduzam tua alma tão sincera e tão ferida
Para os ventos desse mundo que não passam de algum ar

Esquecimento da verdade

Num mundo de erros iguais
E de coisas más, mas boas,
A vida sempre valerá
Mais que certas pessoas.

Sempre foi
E sempre será
A realidade do agora.
Mas o que dói, doerá
Porque na verdade
Nunca irá embora,

Contudo cabe-nos sorrir
E encobrir com falsidade
O ostensivo carpir
Que fazemos à felicidade.

Embarco nesta viagem que me tem cativo

Embarco nesta viagem
que me tem cativo.
Um tempo de passagem
com um efeito corrosivo.

Cada dia que passa
perco um pedaço,
nesta vitória sem taça
que procuro no regaço
da minha saia sem regaço.

A vida foge-me das mãos
e eu tenho que comandar o barco.
Num frenesim de conduzir e procurar
vejo, ao fundo, a morte como marco
num perene afundar.

Sinto-me conformado…
De partida em partida
parti, mas nunca, apartado,
me vi da vida abandonado.

Até acabar naufragado…

Pudica

A nudez impudíca

dessa parede branca

não me deixa esquecer

do mal que me abocanha.

 

Antes da outra,

já sinto a morte

de saber inúteis os planos

e impossíveis os sonhos.

 

Senhora da única certeza

e o fim das possibilidades,

sinto-a represar o rio

que naveguei.

 

Em que porto, aportarei?

Dúvidas

Muitas dúvidas existem dentro de mim,

Não sei, um dia talvez te entenda e elas tenham fim.

Não há nada que mais me agrade do que te ver sorrir,

Mas quando vejo esses olhos que não são meus, só me apetece fugir.

A tua alma é igual à minha, mas o teu corpo não me pertence,

Por mais que eu lute por ti, meu amor nunca vence!

Sobrevoei por centenas de terras, procurando te encontrar,

Versos Soltos 6

(Talvez Seja Este o Fim – Sexta-Feira)

 

Estou à muito deitado,

Mas não consigo dormir.

Não tenho sono mas estou cansado,

Só quero morrer ou fugir.

 

Ainda hoje acordei com vontade,

Com vontade de te abraçar e te ver.

A pensar que eras tu a minha metade,

Que faltava para me preencher.

 

Como dói estar tão enganado,

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