EU
Autor: allura on Friday, 17 January 2014Rasguei a minha alma, e as palavras não saíram,
Tentei gritar a minha dor, infligi-a aos outros.
Rasguei a minha alma, e as palavras não saíram,
Tentei gritar a minha dor, infligi-a aos outros.
Quisera a vida apenas ter
Um pouco de vil saudade
Que cedo vai Ela morrer
Por cedo ser a Eternidade
Quisera eu apenas ser
Pedaço achado de mim
Mas, perdido, vou a ver
E sei bem qual o meu fim...
Tenho em mim o vazio
Prenúncio de solidão e frio -
Perto me vejo ir
Ter essa mesma Sorte
Que na Vida só há Morte -
Fechar os olhos e partir...
David Ramilo
Sangue e dor
O sangue e dor
como os conjugo...
Em migalhas de insuficiência
me desfaço em choro.
E choro-te amor...
pois carpido tens de ser.
Imerso em vales infinitos de lágrimas
espalhado aos ventos que furtam os mundos.
Mundos que não só este.
Como me arde a tua marca no peito!
jazida de um ferro perfeito,
Aquecido a comprimentos de onda angelicais.
O nacarado fel que me injectaram nas veias,
transformou-se no âmbar dos teus olhos
E na névoa profunda
Metáfora de não te ver
Onde o meu olhar se afunda,
Onde está o meu bem-querer...
Na escuridão cerrada
Antítese de Luz penetrante
Estás tu, Musa encantada
Linha esbelta, voz diferente...
E busco-te na paisagem não traçada,
Na ausência, na madrugada,
Com um aperto no coração
E os dedos não tocam as tuas lágrimas
As tuas agonias, as tuas lástimas -
O teu sofrimento, a tua paixão!
David Ramilo
Além do mar que ouço,
Além do céu que vejo,
Há o Futuro, tenebroso
Pois não o sei - o seu beijo
Além da vontade de viver,
Além - a morte que lá vem
Há angústia de se não ter
A certeza, o sonho - ninguém...
Além do além-pensar -
Ter algo que amanhã não se tem:
Outro alguém para me apoiar -
Além-dor de não me saber também...
David Ramilo
INSANOS...PROFANOS
Hoje lembrei do meu amor
Noite estrelada
Céu cintilante
Estrelas brilhantes
Solidárias à minha solidão
A saudade me toma
A vontade consome
Os lábios dele...
Ah! Como preciso
Sentir o gosto
Sentir o cheiro
Sentir a pele
Sentir..Olhar...Pegar...
Sentir desejos
Olhar de encanto
Arrepio de pele
Toque das mãos
Linguagem da língua
Comunicar sem falar
Gosto da boca
Cheiro do corpo
Estrela cadente
Não me deixe mais carente
Amanhece-me
Agora que o sol nasce
sinto o calor ausente do teu corpo
olho no espaço a tua ida
e na luz deste sol, choro
a despedida,
deste ser vil ainda vivo
quando já morto!
É na casa cinzenta da luz já gasta
neste coração de eco devolvido
que o sol bate e se afasta
como tu e saber
antes de morrer
já ter partido!
Mundo sombrio e breve de dores infindas,
Onde cantar não posso os meus vindoiros planos,
Deixa-me ser poeta em teus escuros vales...
Ter no peito a luz que se oculta dos humanos!
Farto sei que estou de buscar a mesma nota,
Falta-me nos lábios a tua melodia,
Que fôlego me dê nesta procura intensa
De algum portento achar nos escombros do dia.
O sol é um soberano que escravos nos torna,
Pérfido, de forma sanhuda vocifera!
Já a lua é uma mãe que sopra-nos o descanso,
Trazendo no olhar o afago da primavera.