pombos
Autor: Pericles Moreir... on Thursday, 13 June 2024Um casal como pombos fazem ruídos de amor
Perto da praça dos pneus há uma linda igreja
adornada de dogmas e bancos vazios
Nela os noivos fazem uma festa
a noiva chora nem a metade dos convidados foram
Chora e a comida estraga
Chora pela falta de apreço que não tem preço
Um poeta no meio dos convidados levanta a mão
E pede para recitar um poema de amor para os nubentes
ela aceita surpresa
O poeta fala uma linda canção
A noiva chora, já não se lembra dos convidados ausentes
O apresso não tem preço
reino dos homens
Autor: Pericles Moreir... on Thursday, 13 June 2024Reino dos Homens
Eras a fio a alma pálida contempla
sempre alguém que sofre
Falta de pão
Falta de amor verdadeiro
Falta um líder não ganancioso
Falta de um bom companheiro.
De longe um caminhão empoeirado
Desse dele um poeta que atira a esmo
Palavras que formam uma poeira amarela
Seu olhar vingativo é muito certeiro
Meu Deus eu já fui um bebe de pele macia
Agora atiro no tempo
esperamos que o cheiro da pólvora entre em nossas narinas
já tentou varrer a areia da praia
Autor: Pericles Moreir... on Thursday, 13 June 2024Você já tentou varrer a areia da praia?
Já ficou no escuro ouvindo o canto da cigarra?
Já ficou no espelho rindo sozinho da sua cara?
Já dormiu sem ninguém num canto de rodoviária?
Já dormiu com alguém por migalha?
Você já tentou varrer a areia da praia?
Você já tentou varrer a areia da praia?
Já perdeu a hora quando o tempo para?
Já gritou uma palavra até perder a fala?
Já colocou todas as roupas do armário na mala?
A sua casa já desmoronou no meio da sala?
Você já tentou varrer a areia da praia?
rio de sangue
Autor: Pericles Moreir... on Thursday, 13 June 2024Rio de sangue
Não me colocaram em nenhum de seus planos
Vontade de destruir casa de vidro e de barro A sua casa já desmoronou no meio da sala?
Você já tentou varrer a areia de água negra? Vontade de destruir casa de tijolo, que me foi negada Já ficou no escuro ouvindo o canto da cigarra?
Esse rio Tinto, tal qual o Nilo quando foi tingido
Esse vermelho era feito de bala
torto arado
Autor: Pericles Moreir... on Thursday, 13 June 2024
Torto arado
Cabo de marfim fincado no solo, cheiro legitimo de terra
Mato verde nas narinas, caminho até a escola
Essas letras no quadro verde, lousa verde, casa de cor verde Não narram minha história.
Quilombos, quilombolas, quilombos, quilombos
Prefiro sentir no corpo as lições que a vida da Essa terra úmida pede para parir.
inocentes
Autor: Pericles Moreir... on Thursday, 13 June 2024Inocentes
Fui educado a ser tão utilitário
Que pareço ter prazo de validade
Correndo por tuneis de iluminação azulada
Quando minha cabeça rolar pelo mundo junto aos copos descartáveis
E cair na sarjeta vou lembrar vida vagabunda do vago mundo.
Já não importa o que importa é que você está bem, nem que seja por poucos segundos.
É inútil conter a enxurrada de trecos com uma única mão, deixe tudo rolar pelo mundo antes que cai sobre você.
fio de corte
Autor: Pericles Moreir... on Thursday, 13 June 2024Fio de corte
Elas eram duas
Imagens tão distinta simbiose no fio do corte
Não era por acaso
Que, ao misturar suas tintas,
O dia era de uma E a noite tão criança
duas só retrato da mordaça de Anastácia
Maestro de duas danças na festa de Jarê
Gótico
Autor: Pericles Moreir... on Thursday, 13 June 2024Gótico
No silêncio da noite
Noite soberana
Casta viúva passeia pelas penumbras de sua memória
sombras dançam, entre velhos e novos o eco lamenta
Ela veste preto, um vestido longo vitoriano
Um vento gélido sussurra segredos antigos, E nas janelas quebradas, a lua se mostra cheia.
Um castelo em ruínas, erguido pelo tempo, Guardião de histórias sombrias, segredos de lamento, nas muralhas de pedra, ecoam tormentos.