o cais sereno
Autor: António Tê Santos on Tuesday, 28 November 2017eu prossigo no descampado da consciência misturando saliva à fundura do ressurgimento através de vocábulos resultantes dum torcer de alma que enobrece a cavada solidão.
eu prossigo no descampado da consciência misturando saliva à fundura do ressurgimento através de vocábulos resultantes dum torcer de alma que enobrece a cavada solidão.
Não consegue dizer não, seja lá por medo...
Se diz, a faca da culpa lhe corta o peito,
Se não, o ódio de si lhe pesa as costas,
Tantas as coisas sem poder carregar postas.
Tão simples o não, e nunca dito,
Insiste no sim, que em não se volta contra ele,
Nega-se a não dizer o sim maldito,
Até quando mais se pode e deve.
E mais a si mesmo deve.
É, na verdade, cobrado pelo indébito,
Por tão inapropriadamente se tratar.
E mais vai devendo de tanto se doar.