Voam as andorinhas

Voam as andorinhas…

 

O vento frio cavalga as ondas do mar

Voam chilreando as andorinhas

Conjugando em harmonia o verbo amar

Em breve o céu escurecerá

O Verão parte levando o sol e as flores

E o Outono e a chuva surgirá

Partem as andorinhas

Formando construções de amor

Voam baixo, descem ao azul do mar

Levam o sol e a semente da flor

As cigarras deixaram de cantar

O sol dá lugar ao arco-íris

É setembro a desabrochar

Junta-te ao bando, andorinha

Retrato

Retrato

 

Não sei em que espelho

Ficou perdida a minha face

Os anos passaram a correr

E já sinto minhas mãos a tremer

Meus olhos estão vazios

O brilho que outrora tinham

Foi perdido numa dobra do tempo

Sinto saudade do desabrochar da vida

Do céu em que era sempre primavera

Das estrelas que cintilavam

Perdidas nas ondas do mar

Da lua majestosa em noites de luar

Meu anjo que já se foi

Repousa agora no firmamento

Entre águas frias e serenas

Envelhecer

Envelhecer…

 

As rugas surgiram sem darmos conta

Dia após dia pelos caminhos da vida

Os cabelos negros agora grisalhos

São a marca de uma vida repleta

De canseiras e trabalhos

Nosso rosto teima esconder-se

Envelhecemos. Dura realidade!

O tempo não pára, ele voa…

É náufrago duma saudade

Ai como voa o tempo!

Nossos filhos, estão tão distantes

Nossa vida se escoa

Céu da liberdade

Céu da liberdade

 

Ó céu da liberdade,

Se tu e a terra se encontrarem

E se o sol e a lua se abraçarem

O mundo ficará livre de dor

E no universo reinará o amor

Haverá festa no mar

E nos jardins flores de encantar

Os pássaros voarão livres

E entoarão hinos com o seu chilrear

Ó Céu da liberdade

Leva a chuva e traz o vento

Para as nuvens afastar

Cobre o solo de esperança

E escutareis cantar as ninfas do mar

Abre-se a terra em sons e cores

A boneca

A boneca

 

Que linda foi a surpresa

Naquela noite de Natal

O pinheiro iluminado

Com estrelinhas e bolinhas

E o presente habitual

Estava ela na caixinha

Escondidinha entre laços

E papel sacramental

Abria e fechava os olhinhos

Bebia leitinho e fazia xixi

Esta boneca era fenomenal

Foi meu último brinquedo

Que eu trouxe para Portugal

Em meus braços a protegi

Para ninguém a levar

Cansadinha que estava

Adormeci e não a vi ao acordar

Quando me sinto poeta

Quando me sinto poeta

 

Bordo versos com sentimentos meus

Disfarçada de escuridão, descubro a paixão

Renasço a cada aurora

Sou poeta que ri

Sou poeta que chora

Toco o azul do céu

Cubro a vida com um véu

Alcanço estrelas sem fim

E teço-as a marfim

Sinto o meu coração a mil

Será que estou a ficar senil?

Ohhh mesmo assim…

Sinto-me linda e maravilhosa

Até a noite está mais luminosa

E a lua mais formosa

Sou feita de pequenos nadas

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