páginas timbradas
Autor: António Tê Santos on Saturday, 6 August 2016os tempos resplandecem com as grandes desgraças porque um estranho processo transmite aos homens a coragem de resistir à agonia.
os tempos resplandecem com as grandes desgraças porque um estranho processo transmite aos homens a coragem de resistir à agonia.
as manobras inúteis dos trovadores para converterem a poesia em dilemas de leitura obrigatória: ela só é lida nas inclinações duma moda arrefecida pelos ribeiros das recordações.
ILUSÃO DE UM POEMA RASGADO
(Quanto tempo fica para te reescrever.....)
Neste deserto de frases moribundas,
em dunas de letras que se amontoam
ao sabor do vento alucinado.
No calor das palavras fecundas,
a dor se cala e as frases não soam,
abafadas no silêncio amortalhado.
(Num apelo escrevo para sentir e reviver.....)
espezinho as trevas no desenrolar duma agreste pronúncia que subjaz ao meu estado de alma ou saio para recuperar a ardência na calmaria duma serra onde perfaço anos de brandura para ver esta miscelânea abrir uma inocente flor.
Atrai-me o sol da manhã
Quando entra pela janela
Inundando o nosso quarto
De tantos prismas coloridos
Nos ecos de todas as cores
Pintadas a mão numa aquarela
Tela onde pinto que amo-te
Nos versos que eu já fiz
Para ti de várias cores
Por não suportar ver-te infeliz
E num beijo que arrepia
Que deixas no meu pescoço
Percorre sutilmente a espinha
Sem pressa todo o meu corpo
Arremesso em desejo no meu ser
Beijo dado tatuado no meu corpo
Do teu amor que me ofereces
A minha cama é de plumas brancas
Na ardósia da serra branca de neve
O vento rasga-nos a alma lá em cima
Trememos de medo, de frio, só se ouve
O assobio do vento ou será o uivo do lobo
Perdidos nas fragas do nosso tormento
Apaga-nos o medo, a solidão, o cansaço
E as nossas noites tornam-se longas
Nas memórias que nos assaltam a mente
Rosas que se deixam morrer no jardim
Que se desfolham no vento caídas no chão
Das noites de tempestades já tão nossas.