Já não enxergo
como enxergava antes
já não caminho,
como caminhava antes
também não te amo, como amava antes
hoje, apesar de tudo
te amo muito mais...

por que a Humanidade não ouve o silêncio...

prosperam a liberdade quando assumimos a esperança nos recados íntimos que geramos; quando a tristeza se desvanece em contacto com a pureza das reflexões; quando obliteramos os fundamentos das contrariedades.

prezo o teor das circunstâncias

e suas reticências benquistas

colido com o desvario dos ventos

no cerne de seus decibéis

ignoro a desarmonia das ruas

mas acato sua pacata isenção

desfaço o emaranhado confuso

de toda credulidade afoita

lavro páginas de encanto para me proteger dos desaires emocionais; para ingressar numa épica aventura que suscite os meus desejos prementes; para me estabelecer no centro duma miragem que transfigure o usual entendimento.

O meu cérebro é uma coisa engraçada... mas o meu coração é ainda pior, acho eu! Agora, imagine o que acontece quando eles não estão de acordo?!... Bom, é aí que começa a festa... e mesmo sem convite eu tenho de lidar com isso tudo, não tenho outra opção!

retenho os belos sentidos da vida quando anulo as discrepâncias que nela existem: as minhas ideias são bastiões da razão e jorram faúlhas de esperança; abrangem viagens que eu condenso para robustecer o temperamento.

Noite que chegas

Deixa-me ficar contigo

E abraça-me no teu colo

Vamos jogar às escondidas

Tu és o melhor abrigo

Das memórias proibidas

a pátria jaz na cave dos nossos desencantos e reinventa-se a todo o momento: nas guerrilhas torpes que patenteia; nos destroços das suas aventuras naufragadas; no seu desregrado presente por causa das nossas turvas atuações.

sereias

          são meias-verdades

                                         inteiras

são amenas

                 divindades

                                  de duas metades

são Iracemas

                    -extensão

                                  de águas perenes

sereias são rimas

                          que vivem

                                          em poemas serenos