Lembranças

Vejo um tanto de passado como se fosse hoje. 
E o tempo carrega lembranças,
em memória daquilo que vivemos.
Teu semblante é fantasma acorrentado a alma.
Que não acalma se o dia dorme
E nem se afasta quando chega o amanhã.
Sigo aqui, escravo de ti, 
Triste. 
Amarrado ao tronco
E a saudade é açoite que castiga a alma.
Sou um pacote abandonado a árvore.

Desapego

O tempo mora na alma

de quem aborda a vida

na sua forma calma,

na sua essência contida.

 

O desejo rouba ao tempo

a dança oculta do querer.

As convicções são contratempo,

espectros que se negam ver.

 

Dispersam-se na alma os receios

de quem agora na vida

dispensa os ambíguos rodeios.

 

Talvez seja apenas o desapego

de uma conformidade perdida,

de um desdenhar do sossego.

 

Ébano

Agora não mais necessito da noite
 
para que brilhes qual ébano entre o
 
sol dos meus dias sombrios
 
Tenho conectado em nós um raio de luz
 
que transparece num eco conivente
 
reflectindo todos os delírios passeando
 
pelas artérias do mundo quase indigente
 
 
Vou citar-te num verso mítico
 
sem mordaças
 
nem instintos selvagens

Divagar

 

                         Sonhos e devaneios

                         Caminhos e meios

                         A jornada, a esperança

                       

                         Devagar sem pressa

                         Uma única via expressa

                          Expressar o belo e, divagar

                          O meu eu questionar

 

                          Eis a questão; o que sou?

                           Tentar encontrar em um só voou

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