CICLOS - OS PROFANOS DO TEMPO

Poema que encerra o epílogo do livro de ficção “OS PROFANOS DO TEMPO”

Rompi com o sonho impercetível e murmurado,
colocando apressadas palavras no relógio da vida.
Trepo ao céu, agarrado às letras e ao vento,
flutuando no espaço ao sabor da corrente.
Esperança ardente, sonho fugaz determinado,
ávido dos silêncios que a noite provida.
Em louca espiral da pressa! Isole-me no advento
que projeta todos os meus erros na minha mente….

Lembranças

Vejo um tanto de passado como se fosse hoje. 
E o tempo carrega lembranças,
em memória daquilo que vivemos.
Teu semblante é fantasma acorrentado a alma.
Que não acalma se o dia dorme
E nem se afasta quando chega o amanhã.
Sigo aqui, escravo de ti, 
Triste. 
Amarrado ao tronco
E a saudade é açoite que castiga a alma.
Sou um pacote abandonado a árvore.

Desapego

O tempo mora na alma

de quem aborda a vida

na sua forma calma,

na sua essência contida.

 

O desejo rouba ao tempo

a dança oculta do querer.

As convicções são contratempo,

espectros que se negam ver.

 

Dispersam-se na alma os receios

de quem agora na vida

dispensa os ambíguos rodeios.

 

Talvez seja apenas o desapego

de uma conformidade perdida,

de um desdenhar do sossego.

 

Ébano

Agora não mais necessito da noite
 
para que brilhes qual ébano entre o
 
sol dos meus dias sombrios
 
Tenho conectado em nós um raio de luz
 
que transparece num eco conivente
 
reflectindo todos os delírios passeando
 
pelas artérias do mundo quase indigente
 
 
Vou citar-te num verso mítico
 
sem mordaças
 
nem instintos selvagens

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