Aquele beijo que não te dei

Aquele beijo que não te dei

 

Amo-te tanto! E nunca te beijei...

E, nesse beijo, amor, que eu te não dei

Guardo os versos mais lindo que ti fiz!

Florbela Espanca (Os versos que ti fiz, último terceto).

 

 

Aquele beijo que não te dei não volta

Mesmo que eu tanto queira não tenho

E por tudo isso eu choro e a mim não venho

E nessa loucura fugaz faço dela minha pauta...

 

secamente

secamente a semente 
seca minha mente 
e numa sacada seca 
de secura
te fiz chorar 
e bebi sua lágrima
além de lá
Alain Delon
nous avons
quelque chose
en commun
de longe
o ser seco 
é o ser só
e ter sorte
faz parte
sequelei na semelhança
da lembrança
e saquei a sequela
da mudança
e por um triz
te fazia feliz.

Transtorno

Desfiz-me por inteiro,
Agarrei as mesuras de meus sentidos,
Como que recaia na vista entreaberta e encarnada-mente envenenada,

Sobrepus em minha carteira de cerejeira com vitral suave,
Quantos sóis e cometas bruscos,
Um pequeno infinito em uma limitada tábua rasa,
Grandes e altivas alienações...

Vigilante de galáxia em galáxia,
Porteiro da minha própria Fantasia,
Que confusamente avivo de alma ou capricho a mim cingido.

A musica nao parava

A musica não parava
Trombones, trompetes
Flautas e clarinetes
Batuques melodias 
Tambores baterias
Vozes graves e finas 
Ecoavam no salão
E la vinha o acordeão
Triângulo violino violão
A cuíca era o que mais chamava atenção 
e o kazoo ficava atrás não.
O piano as palmas os assobios
Deu até um arrepio
Tanta alegria
Tanta beleza
Mas a luz acabou
E a música parou.
 

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