Voo sem retorno

Voo sem retorno

 

À tona d' água da ribeira límpida,

Esvoaça imprudente, a libelinha.

Asas de fina seda, de cor lívida,

Voa direta à teia...na folhinha.

 

E vê-se a delicada libelinha

Presa à teia ! Luta inútil, inglória.

E logo a astuta aranha adivinha,

Refeição garantida ...e vitória.

 

Chorai ó gente tão precoce morte

Deste belo ser, que embelezou

E deixou as asas...que a mim doou.

 

E seguiu a natureza sua sorte,

Ignorando o drama da pobrezinha !

Quadras de S.João

Sou manjerico de papel,
Mas se eu fosse o S.João
Não só seria o manjerico
Mas também seria balão
 
O manjerico é um amigo
E quem dera ao S. João
Ser a planta manjerico
Em semente de Verão
 
Sou manjerico arbustivo
Bicho-da-conta num mato
Dou folhas de manjerico
Na terra d´um carrapato
 
Manjericos em fileira
Fiesta nos cantos de um quintal

Longa austeridade

Nem mais nos deixam cumprir essa tal liberdade
 
agora por fim…finalmente
 
estamos por ela exclusivamente sitiados
 
envolvendo-nos assim esfomeada
 
já nem subtilmente disfarçada
 
pois a regra tornou-se lei
 
nos fundamentos da razão
 
onde tudo não passa senão
 
dessa (i)legítima austeridade
 
inexorável e tão colossal como Rhodes
 

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