A Viagem: "os amarelos"
Autor: André Cadilha on Thursday, 21 May 2015Embarquei no comboio das 16h40m
fui numa viagem sem destino,
tirei um bilhete sem ida e volta
Embarquei no comboio das 16h40m
fui numa viagem sem destino,
tirei um bilhete sem ida e volta
Já tu haverias regressado desse passeio
de rosto pálido e sereno, respirando essa brisa fresca
do entardecer à beira rio,
quando ao largo do Tejo se entoa um fado
fazes um poema, fá-lo com cuidado
empenha esse teu ser e essa tua alma
fumas um charuto e bebes desse vinho tão amargo
Quando encontrares um homem sem rumo
dá-lhe boleia,
pergunta antes o que poderás fazer
não lhe perguntes o que fará por ti
trata de arranjar alianças, não inimigos
As idas ao Rossio
mais pareciam os longos dias
quando saíamos de mão dada
descendo estas avenidas
e apanhávamos o comboio
As ruas estavam desertas
saí daquela esquina, saí para ver a noite
Serão poucos, mesmo poucos
aqueles que têm
o privilégio, talvez a sorte,
página após página
Como te venero, como te admiro,
ao ver-te assim desse teu altivez
ao ver-te assim tão flamejante,
tão ardente
solta os cabelos ao vento
faz deles a tua bandeira
O vinho
O vinho é dos produtos mais nobres,
Rejuvenesce os mais velhos,
Cura os enfermos
E enriquece os mais pobres.
Ternura
Naquela rua sombria vai passar
(Nessas que o sol esquece de iluminar,)
Uma linda menina de trancinhas,
Tão segura nas suas passadinhas.
Na sua mão pequena, de menina,
Pegava firmemente outrta mãozinha.
Essa, ainda mais frágil, pequenina,
A da sua ternurenta irmãzinha.
Pressenti nessa cena inocente
Quão injusto e cruel é este mundo
Se entre tantos, há abismo profundo !
Oh cândida beleza ! (bivalente!?)
Tomara que esse quadro adorável