Ontem olhei pela janela

Ontem olhei pela janela
E, de passagem, vi a vida...
Que transeunte imagem bela:
Cheia de pressa, mas intensa;
Perdida na pertença
Da sua própria remessa apressada.

Agora, olho este pensamento
de ter olhado anteontem,
E, num turbilhão de sentir,
Percebo que sou o seu chão.
E ela,
Perdida na pertença
Da sua própria remessa apressada,
Segue assim,
Sem olhar para trás -
E marcando o meu escudo de carne e osso -
O tempo, que quando passa jaz.

Aconchegado

Era toda minha
esta felicidade incrível
restando-me contemplar-te
impassível na grandeza
do teu sim
mascarado em breves tons de jasmim
e aí foi quando me aconcheguei
nos braços teus
e dei por mim perdido assim
 
fitando impávido da janela
os pingos da chuva cair
doarei à pele o súbito
e vadio poente
que baniste dos nossos sonhos
 
e ao bramir de cada canto

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