O céu está azul, mas eu estou enjoado
Autor: Cubo on Saturday, 8 April 2023O céu está azul há minha frente
Mas estou enjoado e a ver a dobrar.
As bebidas todas que ingeri nestes últimos tempos
O céu está azul há minha frente
Mas estou enjoado e a ver a dobrar.
As bebidas todas que ingeri nestes últimos tempos
Queria falar sobre belas coisas,
mas a minha voz grita na feiura,
canta e diz com uma forte gastura:
morro na mudez das vidas afoitas?
Reencarnarei afundado na miséria,
sinto angústias de vidas de outrora,
barqueiro da água negra à fora?
Quiçá Poseidon da seca matéria?
Martirizado e Jó vai de alicerce,
ensina-me, sofredor de tristeza,
ensina o ensaísta duma torpeza
a brilhar na escuridão que me enferme.
os costumes ferem quando acalentam a nossa dependência; quando aplaudem a tacanhez nos exemplos que prefiguram; quando instigam os fundamentos que perturbam a nossa evolução; quando congelam os desígnios salubres que injetamos nas nossas vidas.
NAMORO DE ANTIGAMENTE
O rapaz passava e dizia: - Bom dia moça!
- Bom dia! (riso).
- Vou chamar o seu pai de sogro!
- Vai é? (riso).
E, só isso, já arrepiava o primeiro fio de cabelo do redemuinho da cabeça até as axilas e o rsto segue em segredo de justiça.
E, quando acontecia o primeiro beijo? Meu Deus! Um frio se instalava no pé da barriga misturado com o medo dos pais e a tremedeira tomava conta até os lábios tremiam.
Quando chegava na fase final...
Nada! Nada,nada. Tudo se transformava em dor. Não gosto nem de pensar.
o mundo tem deambulações austeras pelos carris da monotonia; tem remoinhos malvados que aumentam de vigor quando a vida nos fere com a sua espada pontiaguda; tem um coração de pedra que suporta a impostura.
Os raios fortíssimos pausaram-me,
Alberto Caeiro jamais aceitaria
Mas, a Natureza rebelou-se,
Foi impetuosamente contra a poesia:
Os raios cegaram-me a visão.
Sem olhos (ou energia elétrica)
Não observo meus poemas,
Assim como não os sinto,
Nem os toco, nem penso, nem vivo.
A Natureza entendeu-me sozinha,
E sozinha cegou o azul do coração.
expulsei a tristeza do quadro tétrico da minha vida para nela fixar um júbilo adaptado aos conselhos da poesia; para fortalecer a esperança através dos meus relatos persistentes; para rejeitar os sintomas irascíveis da minha comunicação.