Pedra

Um menino lança a pedra n’água,
donde quica mil vezes no rio,
cada batida rasga com o vento
a vida da pedra e su’alma.

O quique é um passar de hora,
longínqua hora e minutos,
tempo entendiando o menino,
mas que afunda a pedra agora.

A noite fria se aproxima,
e o rio escuro reflete a lua,
o garoto deixa a cena
e a pedra, não mais se via.

Não sou poeta

Queria saber fazer poesia.
Ter na cadência Camões,
ter n'alma Meireles,
romper laços como Andrade,
ou escutar suas lições…

Queria ser um poeta.
Uma alma de sonhos lindos,
a rebeldia revolucionária,
ser arquiteto da beleza,
Um Van Gogh dos versos líricos. 

Sou Zé Ninguém, sou José.
Mas eles não dizem ''e agora?'';
não me escutam ou leem,
sou um deficiente de espírito,
um protopoeta sem fé…

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