os cardos da memória
Autor: António Tê Santos on Monday, 21 November 2022existe um lugar ávido onde dilacero o infortúnio sempre que escrevo poesia; onde tonifico o meu bem-estar; onde esclareço a sensibilidade através dum apurado raciocínio.
existe um lugar ávido onde dilacero o infortúnio sempre que escrevo poesia; onde tonifico o meu bem-estar; onde esclareço a sensibilidade através dum apurado raciocínio.
Para todo mal existir,
basta o poder concordar.
Não importa suprimir,
remedir ou dialogar.
Para o erro ser o bem,
basta o mal ser atroz,
retificado por alguém
apto para calar sua voz.
Um dos temas que me despertam o interesse é o preconceito. A natureza humana é curiosa, usamos de artifícios baseados em sua própria primazia para justificarmos nossas mazelas. Escravizamos o outro em nome de uma abstrata nobreza racial. Os colonizadores tinham sobre a ótica do mundo uma lupa, e essa lupa enxergava o outro como formiga, não só enxergava como a exauria com a ‘’luz da razão’’. O pretexto racionalista levou o homem tão romantizado pelas poesias e eras de ouro a cometer pérfidas atrocidades.
O tormento é uma noite fria,
refrescante para a reflexão,
mas ardoroso como lava
que arde muito o coração.
É um bosque sem árvores,
é um pasto sem as vacas,
um vazio de grandes ideais
de melancolia boêmia.
A lua é a companhia,
a taça de vinho, o alicerce;
trechos de Plath ao vento
e a depressão nas linhas.
Isso tem que acabar.
As estrelas são os olhos de Deus?
Ou são órgãos do espaço celeste?
Por acaso de sua brancura emana
láctea nutrição?
Por acaso elas são acesas
por um famigerado acendedor?
Ou serão assim mesmo:
pérolas de marcante fomento?
Será que são flocos de marfim
dispersos no céu altaneiro
a nos guiar
em meio à névoa dos dias?
Sabemos? Sabemos de seus desígnios?
Fato é que elas estão sobre nós: