Inquietação

Há na minha inquietação
Um lugar só teu
Que não pode ser ocupado
Nem restar vago

Lugar imaginário
De uma realidade crua
Desperto quando
No turvo das noites
O teu nome vem soprado no vento

E eu
Perdido... na madrugada
Vagueando na cidade dos anjos
Envolto numa penumbra luminosa
De onde emerges...
Apenas... para me abraçar...
Assim...

Abraço

Rodopiam-me as letras na cabeça
Martelam...tresloucadas e sofrêgas
Dançam valsas metafóricas
Correm, saltam, embatem...

Aguardam por ti... as letras
Como eu aguardo
Na ansiedade de
No silêncio da noite
Chegares mansamente
Como sempre chegas...

Com a ternura numa mão
E a alma na outra
Que vais desenovelando...
O suave perfume das hortências
Que exalas, colado a ti
Apesar de distâncias ilusórias
Bálsamo de almas perdidas
Ou recordações de vidas passadas...

Manhã

A branda luz da manhã
Esgueira-se por entre as frinchas da janela
E... vem repousar no teu corpo nu

Dormes...
O cabelo em desalinho
Derramado no branco da almofada
O corpo imóvel
A respiracão ritmada
Que te faz ondular os seios

Olho-te só
O cheiro da tua pele adormecida
Sobe por mim
Os teus lábios entreabertos
Onde habitam mil beijos meus
E outros mil sobrevirão

Enquanto a luz te penteia
Contemplo o teu corpo desnudado
Onde tantas vezes me deito
Quando os teus olhos brilham...

Conjunto Mulher

CONJUNTO MULHER 

Que conjunto é esse que atrai com força

Toda atenção do meu olhar?

Que belo balanço que encanta a todos

Simplesmente ao vê-la passar!

 

Que belo corpo tão aconchegante ao abraço,

Mãos generosas que demonstram tanto carinho

Que bela luz cativante vem desse meigo olhar,

Melodiosa voz a trilhar qualquer caminho!

 

Com trejeitos encantadores ao desfilar,

Roliças pernas que sustentam tanto valor,

Pequenos pés que flutuam calmamente

Amoroso peito com fiel coração cheio de amor!

Soneto da União

posto ao soneto de Vinicius de Morais

SONETO DA UNIÃO

De repente meu pranto se fez riso
Barulhento, provocante e preciso
E como ondas batendo sobre rochas , encanto

A tempestade veemente se fez bonança ardente
E da aventura errante um sabor constante
Do parceiro cínico um amigo amante
E da paixão infame um amor permanente

De repente não mais que de repente
Fez-se do amigo distante uma presença marcante
Da desilusão a alegria altissonante

Poetar LIV

Poetar LIV
Nascuntur poetae, fiunt oratores.

Ab. Initio lha amei
Per fim
Nada restou deveras
Fora assim
Eu sem ter você
Em mim

O amor que a ti dei
Extenuou
No mar de minha asa
Voou
Perdi, posto que de mim
Levou

Agora corro sem rumo
Meu labor
Esqueci-me de todo
Teu sabor
De meu coração escapou
Meu amor

Soneto da União


Oposto ao soneto de Vinicius de Morais   
 
SONETO DA UNIÃO
 
 
   SONETO DA UNIÃO
De repente meu pranto se fez riso
Barulhento, provocante e preciso
E como ondas batendo sobre rochas , encanto
 
A tempestade veemente se fez bonança ardente
E da aventura errante um sabor constante
Do parceiro cínico um amigo amante
E da paixão infame um amor permanente 
 

Apenas sou

  Sou devorada por essa dor pulsante
  Sou pisoteada nesse caminho errante
  Sou a duvida e o desespero ardente
  Chicoteando a face e vertendo o pranto
 
  Sou o sorriso torto do bêbado cambaleante
  E sou também suas quedas constantes
  Formando ferida aberta sem unguento  e sem corantes
 
  Sou a folha seca numa arvore inútil
  Pétalas duma flor sem perfume
  E o choro da solidão, ciume

Pages