Meus surtos diários

Surto por dentro todos os dias.
Sinto vontade de correr sem parar,
Mas as pernas atrofiaram.
Vejo a minha frente um bosque,
Sua relva é macia e o sol brilha,
Mas por algum motivo, lá chove.
Todo dia o céu perde uma nuvem.
A cada dia as gotas caem sozinhas,
Sem condicionantes para tal.
Estou inerte, molhado e apático,
Ninguém pode me ajudar
Todos têm o seu caminho, e
Eu tenho o meu.
A diferença é que meu caminho

VARIÂNCIA

 

 

 

o tom de meus poemas

varia

varia também seu timbre

seu mistério

seu hemisfério de campo vasto

 

varia seu formato

sua temática

seu estilo escolástico

varia sua textura

e sua estrutura verbal

 

o que neles é invariável

(e nunca morre)

é a sua intenção de ser

chama infindável

em silêncios sem lume

 

 

 

No pasto dos meus silêncios

No pasto dos meus silêncios renasce o dia frondoso e emancipado
No alfobre das palavras guardo cada centímetro de um sussurro enamorado
Em todos os vácuos do tempo meço a distância entre cada vazio aromatizado
 
No pasto dos silêncios alimenta-se a diabrura contida numa rima reconciliada

FIO DA HISTÓRIA

 

 

1.

 

perco

um segundo

um trino

uma hora e meia

ou um quarto inteiro

um quase-cheio

do cheiro

de um incêndio

em um chuveiro

de avelãs e almíscares

 

2.

 

perco

o fio da história

a lâmina da memória

a venda do riso

a senda do abismo

que chama por mim

que clama por mim

mas não me desvia

da senda

desse rincão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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