DENTRE PAREDES

 

 

 

olham-se as paredes

 

-inquirindo o que?

 

ora se portando

 

como armários e aquarelas

 

ora como íntegras janelas

 

filtrando a volúpia

 

dos horizontes diários

 

de árdua compreensão

 

e doce fascínio

                       

 

 

 

 

 

 

 

 

LÍNGUA FRANCA

Falemos de amor...!
Aquele tal sentimento
Que tanto se ouve falar e cantar...
Se pensa, se idealiza
Se sonha e se realiza!
Se escreve com 'A' maiúsculo 
E se rima com flor!
Tornemos a falar e falemos como nunca ou como se fosse a primeira vez...
Falemos o que nos esquecemos de falar para aquelas 'nossas' determinadas pessoas!
Tornemos a falar de novo e sempre
Já que parece que muitos não entenderam!

BENEVOLÊNCIA

 

 

 

sou como a semente

atirada à campina

pois, como ela

me regalo ou declino

 

às palavras me apego

como à uma idolatria

e sobeja-me

sua companhia

 

e se me sucede

um sinistro entrevero

dele me abdico

e riscos não corro

 

mas logo me refaço

-benevolente

e me calha apurar

a poesia somente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Protesto

Já todos vimos
Meninas e Meninos
A defender a liberdade
De armas na mão.
Diz-me tu, Sylvan
Horror maior o delas
Ou de quem viu?
Não poderia dizer
Se mais miupe a lente
Da cara ou coroa
Que de costas de frente
Juram a insanidade do seu reflexo
Que de costas de frente
Sofrem a violação espontânea 
Da Liberdade.
DE QUEM? Aliás, pergunto-lhe, 
PARA QUÊ?
Para que sintam na boca o amargo
De a perder?
Para que a tenham de convencer
Novamente

Ofício

No fundo
Desenho nas cinzas
O que elas falam para mim
Balbucio-lhes um mumúrio
De resistência efémera
Insuflada pela imortalidade
Fugaz
Se frui
O fumo que me oculta
A evidência de me ser
Sozinho
Calado
Insatisfeito
                 Sempre
Com tudo aquilo que ainda não
                 Sou
Arquiteto de poemas
Engenheiro do descontentamento
Mestre da solidão

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