Duas

Duas
 
Elas eram duas
Imagens tão distintas
Não era por acaso
Que, ao misturar suas tintas,
O dia era de uma
E a noite tão criança
Só sei que as amava
Maestro de duas danças
 
As duas eu amava, nenhuma eu traía
Promessas eram feitas, mas passavam como os dias
Tentava acreditar, não era mal o que fazia
Pois eramos felizes enquanto o tempo permitia,
Em quanto tempo ....
 

natureza difusa

 

Em varios domus um patricio sufoca nas ruas impreguinadas de labirintos

um plebeu reina com gramas nos pés,  e no céu uma nuvem me deixa só

sem goticulas no rosto , quais arvores impetuosas matariam  Fidias o arquiteto 

curva da mão concha na mão , de onde deslisa o arqueduto? ,na encostas de rochas 

amarelas quase ouro a pele das ruas mantem uma poeira do mar mediterãneo 

o solo foi um barco que navegou continentes ,seu perfume de azeites ,as colinas lamentam-se com neve e vento, não existe outro  ou alguém para reclamar.

 

andanças suburbanas

ANDANÇAS SUBURBANAS
Luiz Silva
(...)
Sessenta e nove chegou,
Nos mudamos novamente,
Para o bairro Bela vista
(Guardo tudo aqui na mente),
A casa na Humberto Monte,
Érico Mota de frente.
(...)
Foi numa noite de julho
Que Papai nos avisou:
"Vou à casa de um amigo
Ver o que se anunciou -
O homem vai chegar à Lua!"
Papai foi, não me levou!
 
Na época estava no auge

um quarto de tempo

Um quarto de tempo
 
Uma porta de madeira maciça flutua entre meu quarto e a cidade 
Sobre o vão vejo a ponte, ponte que divide meu quarto e a cidade 
Quatro grandes dobradiças de bronze move a porta 
Uma faz som de dor outra de amor as outra duas se dobram apenas
Prefiro fechá-la e fugir do tumulto desta cidade furtiva 
A porta me trava como um cofre, mesmo assim esculto um som distante de um carro que corre alucinado seu som varre quilômetros 

senhor cidadão

Senhor cidadão
Senhor cidadão
Me diga, por quê
Me diga por quê
Você anda tão triste?
Tão triste
Não pode ter nenhum amigo
Senhor cidadão
Na briga eterna do teu mundo
Senhor cidadão
Tem que ferir ou ser ferido
Senhor cidadão
O cidadão, que vida amarga
Que vida amarga.
Oh senhor cidadão,
Eu quero saber, eu quero saber
Com quantos quilos de medo,

o espirito da solidão

ALASTOR: OU, O ESPÍRITO DA SOLIDÃO
de Percy Bysshe Shelley (1792-1822)
Traduzido por Eduardo Capistrano
 
 
Terra, Oceano, Ar, amada irmandade!
Se nossa grande Mãe imbuiu minha alma
Com algo de piedade natural para sentir
Seu amor, e para recompensar a dádiva com o meu;
Se a manhã orvalhosa, e o meio-dia odoroso, e o entardecer,
Com o pôr-do-sol e seus deslumbrantes ministros,
E a quietude formigante da solene meia-noite;

o mar no feriado

O mar no feriado
 
O Mar grande democrático é compartilhado por pessoas e peixes
Não nos deixa sem panorama, muito espaço para lançar o olhar
Essa linha do horizonte me chama, parece teste de visão 
sol e mar e meus olhos salgados em vermelhos vinhos e lagar 
 
As pessoas correm seminuas aproveitando o tempo do feriado 
correm e brincam, essa sensação que as águas são minhas
e que nunca vão secar perpetua a vida.
 

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