Soneto de Amizade

Se te alegro com o que eu escrevo,

Me presenteie com um sorriso

Para que eu sinta que te devo

Abraçar-te em meu juízo.

 

Cada palavra que te deixo

Certa lembrança tua exijo;

Sincera, doce como um beijo

Que toca o coração mais rijo.

 

Tomara, sejas sempre alegre

Mesmo com meus textos mais tristes!

E minha caneta exubere

 

Esses momentos tão sublimes

De nosso encontro inusitado

De tanto amor inesperado.

Pensar e Amar

Pensas que amar é fácil?

Ingênuo…

Pensas que é simples

Pensar no outro antes que a ti mesmo,

Querer o sorriso do outro, ainda que chores…

Não… não choras!

Se tua amada ri, tuas lágrimas secam.

 

Pensas que amar é difícil?

Tolo!

Não sabes que nasceste para isso?

Que foi a primeira coisa que fizeste

Assim que respiraste?

 

Pensas que amar é bom?

Louco…

Como pode ser bom o que te aprisiona,

Que te sufoca…

Não… não prende…

É louco, mas o amor liberta…

 

Ciclo do Sol

Gosto de ver o Sol nascer.

Gosto de pensar que o dia vai ser bom

Gosto da cor, do calor;

Do calor que dá sede…

Gosto da água.

Gosto do mar,

Do rio, da cachoeira…

Gosto do frescor

Que ameniza o calor

Que faz o dia gostoso!

 

Gosto de sentir o vento;

Gosto do cheiro da chuva que ele traz.

Gosto do cheiro da terra molhada

Da enxurrada

Que lava a Terra

E interrompe o calor

Que causou a chuva

Que o vento trouxe e a já levou…

 

É. O dia foi bom!

Quero Ser Importante

Quero ser importante;

Quero que você lembre de mim a cada instante,

Quero provocar seus sorrisos,

Quero aparecer nos seus sonhos,

Quero que você se preocupe comigo.

 

Quero ser importante;

Quero que você tenha orgulho de mim,

Quero que você olhe nos meus olhos com desejo,

Quero ser o seu troféu,

Quero que você cuide de mim.

 

Quero ser importante;

Quero que você me veja no meio da multidão,

Quero que você tenha saudade de mim,

Quero que você me queira,

Sem Título 42

É-me inevitável!
Diariamente sou impelido
a dialogar lúcido com meus próprios medos,
esses medos têm medo de mim e eu deles
os medos têm aflitivamente medo de todos os medos,
dormem fraquejados na tosse de uns e de outros,
de todos...
Tomam-se, lassam-se, escorraçam-se!..
Quando os medos começam a respirar,
ralham-nos,
inflamam-nos,
dissolvem-nos,
impossibilitam-nos,
calcinam-nos...

Sem Título 41

Adiante o ritmo, depois e depois a dor!
Dor morta!...
Dor que faz de conta!...
Dor que anda morta!...
Dor que vira desnorte brasa de tanto praguejar!...
Dor que entre épocas canta ao bondoso ritmo!...
Ritmo que perdura nas docílimas plantas da nossa dor!
Dor que vive para procriar
o destino do ritmo por escorregar
como derretida cera
na consumada alma!
Adiante o ritmo, depois e depois a dor!
Admite,

Sem Título 40

Escolhi cortar os nervos das fissuras
para penetrar em meus olhos doirados
 
De uma ponta a outra recortei uma manta de lume
para os marnotos queimarem as grinaldas outrora tua presença
 
Teu belo corpo desmorona toda uma realidade
e o mármore liquida-se nos liames da alma
 
O mar fala-me, encarcera-me no volume
dum temperamento caprichoso
O mar esconde a treva que me espalha
 
Sei que já foste espuma de dálias

Sem Título 39

Foste abatida por flocos de perfume branco porque 
te deixaste ir à deriva das rupturas combatidas p’los lábios 
de granizo no franzido céu. Não tive outra chance senão
aprender com torpor a fácil arte de estudar a luz de todos os cometas, 
subterfúgio do meu vivo crime!
Ó, novíssimo crime!
 
 

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