Olhar

   Olhar que me Cativa
   É Gémeo indelével de Mim
   Ímpar entre a Multidão
   Silente espera Paciente
   A centelha e o Acordar
   Ainda Virgem de Paixão
   Sou Olhar Imortal

   Paulo Cardoso

Poderia ser daqueles dias que olhamos e dizemos que é igual a tantos outros mas não é.

Esta noite,
deixemos o amor brilhar,
mais intenso que as estrelas,
mais sublime que o luar...
Que cintile ele mais forte,
dentro de cada coração,
para acender este mundo,
que vive em escuridão...

Esqueçamos as nossas dores,
porque algures há alguém,
a quem o sofrimento não larga,
não o podendo dividir com ninguém...
Que cada casa seja um lar,
que cada esquina se torne um abrigo,
para que esta noite sangrada
não nos saiba a castigo...

O MILAGRE DA POESIA
(ReContando o Natal)

A Menina Poesia
Sonhava acordada todo o dia
E, se em algum momento não sonhava,
Sentia que algo lhe faltava.

Gostava de correr e saltar
Pelos montes com destreza,
Sob o enternecido olhar
Da Mãe Natureza...

As flores emanavam perfumes à sua passagem
E nasciam cânticos de glória nas aves;
As árvores dançavam com os ventos suaves
E a Vida fluía qual sublime viagem...

SAGRES

Nesta terra diferente de mar profundo, onde os mitos outrora foram vencidos
Declamo o poema a este povo coberto pelo rumor e pelo sal do seu mar
Circundado por escarpas e ventos fortes, que sopram em todos os sentidos
Sigo na saga de rumos desconhecidos, inspirado na magia intemporal do ar.

INTERROGAÇÃO

Tu que já foste astrónomo e alquimista
Tu que voas nas quatro faces do vento e percorres o firmamento
Tu que tens a chama do saber e movo-te a curiosidade de cientista
Tu que procuras nos astros, uma nova ordem, um novo chamamento.

Tu que pretendes ser levado pelos grandes ventos da pura aspiração
Tu que queres ver uma Boa Nova e fundires-te nela cintilante
Tu que leis as constelações e queres saber a sua composição
Tu que olhas o universo não decifrado, como uma sombra só e delirante.

Quem ama, não ama,
Com os olhos, ou coração;
Ama com o pensamento,
De quem ama com a imaginação.

Caiam de cadeiras
Movidas por baleias,
Subam neste passeio
Roubado do que me veio.

Do cimo da ideia
Estará ao rubro
Encalhada, a fada:
A verosímil que cubro.

Toda a minha dentada,
Sem dentes para mais nada,
Toda ela é lida de emoção,
Fraca, e de vossa imaginação.

Eis que o Poeta