PARTIDA

PARTIDA

                                                 
Amor, estou partindo
Antes que o sol apareça
E eu esmoreça no meu querer
Nada levo a não ser lembranças
Também levo parte de você

QUEM SOU? QUEM QUERO SER?

E você quem é?
Você é quem você pensa que é?
Ou é aquilo que as pessoas querem que você seja?
Ou aquilo que as pessoas pensam que você seja?
Ou aquilo que você passa para as pessoas do jeito que você quer que elas vejam que você é?
Ou do jeito que as pessoas gostariam que você fosse?
 
Se nem você sabe bem o que é ? Como querer que as pessoas te vejam do jeito que você é? Ou do jeito que você quer que elas te vejam?

TRAGA-ME FLORES

Quando vier me ver
Traga-me flores 
Quem sabe elas alegrem meu dia
Que hoje foi tão cinzento
 
Tragam-me cores
embrulhada em papel transparente
Faça algo diferente
Pra colorir meus dias tristes
Fazer sorrir minhas noites sem cor
 
Acenda um incenso de almíscar
Pra acalmar minha insônia
Venha e me reconforte
Massageie meus pés
Tire meu cansaço
Cante pra espantar meus males

Liberdade

Só morta me calarão

Nas ruas erguerei os punhos

Na liberdade que me querem roubar

Vou juntar-me aos famintos

Aqueles a quem é roubada a dignidade

“Paz, pão, trabalho, habitação”…

De novo o refrão que me levará à rua

Seja ela de dor ou amargura

Que me algemem

Que me amordacem

O grito continuará a ecoar

Como farpa perdida na noite

Serei de novo a canção

Serei de novo a espada

Ou apenas a pedra

Mas escrava, não!

Pausada a democracia

Continuo a gritar Liberdade

em mim

Suspendi o tempo que me pousou nas mãos

Ave livre sem destino nem porvir

Olhei nas águas lavradas do rio

O desassossego que me habita nos olhos

E sorri

Do peito brotaram-me flores em cacho

Com cheiro a terra e a musgo

Com cores que envergonharam o arco-íris

Estendi-me, dolente

Nas margens deste rio calado

E esperei a lua

Lânguida

Foi meu o mundo todo num momento

Em que desbravei um peito a arder

Senti-me em mim

De volta

E a minha gargalhada

Um dia...

Abro asas na noite escura e parto vestida de breu na busca do sonho esquecido que um dia se perdeu. Sou só eu e o céu, onde se escondem estrelas sem brilho, nos caminhos onde a alma um dia se escondeu.

Ao longe um murmúrio dolente, do meu rio entre fragas… tão manso e solto como a noite, tão livre e perdido…como eu! Amanhã, amanhã talvez a luz me encadeie o peito e um sorriso me vote a fazer sonhar.

Trago silêncios presos nas mãos que se abrem em busca vã. Trago mordaças rasgadas por onde se solta o grito mudo.

Hoje É O Tão Almejado Futuro

Porquê tanto esperamos o futuro
Se jamais ficaremos sem nós?!
Eis que triste presente fazem vós,
E de vós vem o mundo inseguro.

Será que o amanhã trará um ar puro,
E o verde-colorido do vosso a sós?
Há quem diz: o futuro virá depois...
Digo Eu: hoje é o tão almejado futuro.

Como acreditais; há quem também,
Aguarda os dias que sorrirá o cruel,
Passado e o sedento presente seu.

Talvez a razão seja, de serem tão fiel,
Alguns; ao grandíloquo Deus do Céu,
Que Dádivas deu-me até ao meu além

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