Joana amava assim

Joana amava assim

 

Joana era assim, qualquer pequeno espaço, corria pra outros braços

Joana era assim, qualquer pausa, em outras pernas encaixava

Joana era assim, quando brigava, outros lábios beijava

Joana era assim, por vingança, os amigos levava pra cama

Joana era assim, se entregava pra outros homens

Joana era assim, se entregava pra outras mulheres

Joana era assim, cobrava atitudes, quando as suas eram assim

Joana era assim, dizia que amava, mas amava assim

 

Charles Silva

Indizível

O Sol pediu para clarear o seu caminho

Mas você ofuscou a luz dele

E ele ficou perplexo com seu encanto.

 

Quando o Sol se deitou,

Contou às estrelas sobre você

E todas elas vieram conferir

E se acharam pequenininhas.

 

Aí você cruzou meu caminho

E encheu meus olhos com sua beleza indizível,

Com um encanto inexplicável,

Com um sorriso arrebatador

 

E então me perdi.

De tanto olhar para você

Fiquei cego com tanto brilho

Agora não sei mais meu rumo

Cores

Percebo a graça do azul

Num céu branco que reflete o mar

Que reflete a vida

Que é uma parte do infinito.

 

Percebo o brilho do que é negro

Na noite que destila estrelas

Que vigiam o sono

Que precede a luz da vida.

 

Percebo o cuidado do verde

Na natureza que me cerca

E que compõe o mundo

De tantas nuances tão pitorescas.

 

Percebo a desolação do cinza

Quando vejo a vida monocromática

E olho pro lado e não te encontro,

Pois sem você não há cor.

 

Drama

Silêncio!

Vamos ouvir a sinfonia dos mudos,

Vamos abraçar os fantasmas,

Ver o brilho da escuridão,

Rever todas as verdades.

 

Estou fora.

Assisto à parte tudo o que me ocorre.

Atuo num filme que não conheço o roteiro

(É um drama sem “quebra de tensão”;

Com “bandidos” por todos os lados

E sem nenhum “ajudante do mocinho”),

Corro o risco de não chegar ao fim;

Fui posto num caleidoscópio irracional.

 

Tenho fantasmas por sombra,

Não confio mais em mim mesmo,

quadras ausentes

Já fui nova, novinha em folha
Mas ai de mim, já nem sei!
Se o espelho quando me olha?!
- Pensa que outra serei!

Nem sei qual estou sendo
Pois ai de mim já nem sei!
Meus olhos verdes morrendo
- Depressa daqui me irei.

Já fui de amores e afagos
Já fui ave do céu com ninho
Já fui dum cacho seus bagos
Agora que sou? Nem adivinho!?

- Já fui moça estremecida
- Um pedaço de horizonte!
- Já fui lezíria de Vida,
Hoje? Não passo dum monte.

Do Mar à Terra

Alguns atropelos da minha ira enquanto navegante

faziam-me repensar. Mas navegando à bolina

o vento esmerava-se, era ofegante

quase me virou o barco. E já vejo a colina,

da serra para onde eu vou.

Deixo o mar e procuro agora, em terra sadia,

respirar o orvalho pela manhã

fotografar uma raposa, que vadia

naquele lugar, naquela terra sã.

E no aconchego daquele lugar,

silenciado pela Natureza

procuro consolo. - Vou rezar,

para que cada um de nós encontre a destreza,

e porque não a certeza,

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