Felicidade é um pouco de tudo

Felicidade é um pouco de tudo

Fidelidade de sentir
Esperança de conquistar
Liberdade de amar
Inspiração do querer
Carinho do desejo
Iluminação do prazer
Dedicação ao se entregar
Amável em receber
Delicada com amor
Encantadora ao encontrar

Autor: José adão Ribeiro.

Manuela

Minha linda de negros cabelos
Torne a minha noite bela
Acenda a luz desta vela
...que se fortifique nossos elos...
Sê breve enquanto frescos, grelos
Estão tão verdes nesta viela
Mais linda que tu, Manuela
É o par dos teus tornozelos

António Vicente Aposiopese

A MOÇA DE BIRIGUI

A moça de Birigui – a bela moça –
Tem áureos cabelos beijados por Midas,
E, um olhar onde transborda a inocência
Que veio trazer encanto às nossas vidas.

Seu sorriso leva aos sonhos toda a essência
Dos momentos deste mundo mais fagueiros!
É como a luz em que nasce a primavera,
Abrasando os corações dos seresteiros!

Quão deserta e plangente a vida não era,
Antes de ela florescer em nossos dias.
Seu jeitinho tão mimoso de menina,
Trouxe afago a nossas tristes noites frias.

Chagas

Assustei com uma canção feia. A minha esquerda. A minha direita. Para olhar para a frente. Olhei para trás. Vi a cruz das 4 direções do espaço. E parei. Parei diante de um cruzamento supersticioso. Com vermes. Corados. A espernear. Saídos de buracos húmi-dos com pêlos. Pretos. Mortos.

Miguelsalgado, "Escuro"

http://ectoplasma-miguelsalgado.blogspot.pt/

Dilúvios

2.

Sonhei com um cavalo-marinho de boca aberta nas montanhas.

Estava morto mas mexia-se.

O vento empurrava-o e ele rebolava com a boca aberta.

Nas montanhas vi homens e mulheres a dançar.

Um homem solitário escavava no meio dos homens e das mulheres.

E os homens e mulheres continuavam a dançar.

Riam-se da morte.

E havia água enlameada que não parava de subir.

Tive então um desejo: meter o arco-íris na boca do cavalo-marinho e entrega-lo ao homem que escavava.

Glória

Deixa adormecer. Pega no corpo. Mete o corpo numa banheira. Não deixes acordar. Faz furos até ao interior dos ossos. Espreme os ossos para que a medula saia. Não deixes acordar. Deita água a ferver para que a pele desapareça. Esmaga o corpo até ficar como uma folha de árvore. Não deixes acordar. Tira o corpo desse banho de sangue. Não dei-xes acordar. Pega no corpo. Enrosca o corpo. Mete o corpo num canhão a apontar para o céu. E dispara. Para que o corpo chegue até à abóbada celeste. Para que o corpo possa flutuar como uma folha caduca. E assim cair suavemente.

A Poetisa Zemary

A Poetisa Zemary

 

“As palavras se recusam a escravidão,” como diz a poetisa Zemary. Com toda razão, pois as palavras dão liberdade ao poeta, porque a poesia só tem compromisso com o íntimo e a harmonia gramatical. A nenhuma lei está subjugada a poesia, nem o poeta em seu delicioso entrelaçar com as palavras e os sentidos. A boca não pronuncia tanto quanto sentido poético, mas as palavras sim.

 

Charles Silva

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