Ela está comigo
Autor: CharlesSilva on Sunday, 16 June 2013Ela está comigo
Ela está comigo
Assustei com uma canção feia. A minha esquerda. A minha direita. Para olhar para a frente. Olhei para trás. Vi a cruz das 4 direções do espaço. E parei. Parei diante de um cruzamento supersticioso. Com vermes. Corados. A espernear. Saídos de buracos húmi-dos com pêlos. Pretos. Mortos.
Miguelsalgado, "Escuro"
2.
Sonhei com um cavalo-marinho de boca aberta nas montanhas.
Estava morto mas mexia-se.
O vento empurrava-o e ele rebolava com a boca aberta.
Nas montanhas vi homens e mulheres a dançar.
Um homem solitário escavava no meio dos homens e das mulheres.
E os homens e mulheres continuavam a dançar.
Riam-se da morte.
E havia água enlameada que não parava de subir.
Tive então um desejo: meter o arco-íris na boca do cavalo-marinho e entrega-lo ao homem que escavava.
Deixa adormecer. Pega no corpo. Mete o corpo numa banheira. Não deixes acordar. Faz furos até ao interior dos ossos. Espreme os ossos para que a medula saia. Não deixes acordar. Deita água a ferver para que a pele desapareça. Esmaga o corpo até ficar como uma folha de árvore. Não deixes acordar. Tira o corpo desse banho de sangue. Não dei-xes acordar. Pega no corpo. Enrosca o corpo. Mete o corpo num canhão a apontar para o céu. E dispara. Para que o corpo chegue até à abóbada celeste. Para que o corpo possa flutuar como uma folha caduca. E assim cair suavemente.
A Poetisa Zemary
“As palavras se recusam a escravidão,” como diz a poetisa Zemary. Com toda razão, pois as palavras dão liberdade ao poeta, porque a poesia só tem compromisso com o íntimo e a harmonia gramatical. A nenhuma lei está subjugada a poesia, nem o poeta em seu delicioso entrelaçar com as palavras e os sentidos. A boca não pronuncia tanto quanto sentido poético, mas as palavras sim.
Charles Silva
Teus olhos cor de mel são lindos!
Tua beleza é infinita,
Até a noite mais estrelada sente inveja de você.
Teu sorriso enche a minha alma de alegria
73 COMPANHEIRO FIEL
O Senhor Jesus, companheiro fiel!
Colocou açúcar na minha boca, quando amargava como fel!
Me abraçou, quando ninguém quis me abraçar!
Me carregou nos braços, quando não aguentava andar!
Me perdoou, quando ninguém queria me perdoar.
Como posso deixar?
Esse amor tão verdadeiro, companheiro, um elo de ouro, da corrente que me ligou a Ele!
Sofro por Ele, vivo por Ele!
Não vivo sem Ele!
Ele é a Luz. Seu nome é Jesus.
Autora: Madalena Cordeiro
Cingi a linha e toquei a saudade
Nas volúpias dores e levianas paixões
Quando a mim formei originalidade
E a ti, quimera das estações.
Louco amor deste desatino
Que me fizeste servo do que sirvo
Das ignotas lembranças que me esquivo
Como mole melodia de um sino.
Brancas são as noites de delírio
Mas pálidas que as almas dos sonhos
Doer e ferir é canção no exílio
Em que vivo por viver tão tristonho.
E se vivo, viver é mais que doer
É estgmatizar e fazer ferir
Quando a luz da Aurora chegar
Os anjos da lua vibrarem
Quando a primavera na alma cessar
E os sinos do templo tocarem
Quando o azul da Fantasia trouxer
Melodias supremas, serenas, etéreas
Quando a vida no firmamento fizer
Renovações de estrelas Aéreas
Já terás ido para o Eterno
Imortalidade de vivas cores
Pétalas da consagração das flores
Floco de neve do Inverno
Já terás ido pra os Altares
Ser dos deuses dourado Nume
Para cintilar nas favas como Lume