Asséptico

Gostaria de voltar a ser asséptico, resguardar minha pureza nas plumas tão belas. Hoje o vento me viola, e a lua cheia fita meu fracasso. Percorri terrenos tão azuis, pareciam quimeras de sonhos juvenis; hoje a escuridão estrelada decai o vigor que havia em outrora. Fui limpo um dia, mas hoje, sujo; impuro, cheio de vermes perscrutando meus órgãos: a cada segundo minhas entranhas são devoradas por decadências até ontem estranhas. 

Entre chuviscos

Entre chuviscos o tempo liquefaz-se num desejo impiedoso
No limbo das palavras só o silêncio jaz radiante e suntuoso
Sem pestanejar a dia queda-se entre famintos afagos  maviosos
 
Entre chuviscos a solidão encastra-se nos lençóis de um sonho sedoso
Nos píncaros da noite a paz enleva-se no mastro dos sussurros assombrosos
Cada breu é um bálsamo fértil e faminto prostrado no silêncio meticuloso
 
Entre chuviscos a vida renasce no estampido precário de um eco vertiginoso

Um recado do pai ao filho

Conseguirás o que queres se tentares
Resistirás todo o caos se resiliência tiveres
Comprarás tudo o que o dinheiro não cumpre
Enxurdarás amor por todos ao teu redor
Lançarás ao divino agradecimento por tudo
Não haverá pestilência em teu lavro
Crescerá frutos tão bons quanto a ti

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