Obrigado
Autor: JNicolau on Saturday, 2 April 2022
Agradeço o olhar e a vista,
Agradeço o ar que respiro,
A distância que ainda dista
De mim e do último suspiro.
Agradeço o olhar e a vista,
Agradeço o ar que respiro,
A distância que ainda dista
De mim e do último suspiro.
Vai? Imperativo: serve para mandar,
Para seduzir, ser sugestão, orientar,
Querer que seja feito, apontar, ajudar,
Condicionar, manipular, influenciar.
Cada um vê, lê, entende sem querer,
Sente-se bem, persuadido sem saber,
Interpreta assim a sua forma de ser
E pensa que, quiçá, isso é viver.
Quando ir não é simplesmente ir,
Mas sim tudo o que parece existir.
Descrever-se é, tantas vezes, fingir
Que há mais para fazer que sentir.
Que venha cada um ser um leitor,
Confunde-se arte com trabalho pago
sulfato os temores e as diabruras no solo aquecido pelas reflexões; no solo aveludado onde as quezílias se desprendem das peregrinações ao cerne de mim mesmo; onde as palavras coloram os meus nutritivos ditames.
As conversas que mantenho comigo
Representam o meu porto de abrigo.
Os meus pensamentos são como naus
Que fogem do mar e encontram calhaus.
Há naufrágios que sentem o fundo
Sem terem visto metade do mundo,
E outros navios vivem amarrados
Em sargaços com seus rumos salgados.
Se o encontro das partes separadas
É alegria nas palavras faladas,
A espera pelos momentos conjuntos
Celebra-se até mesmo sem assuntos.
As conversas que mantenho comigo
Quando me tiram tempo
Fico sem tempo
A poesia tem uma linguagem estranha,
Não fala um idioma que se compreenda,
A ponderação que subsiste em mim
Nos devaneios concretos da escrita,
É uma maternidade que, assim,
O escritor caído em desgraça corre
Sobre o papel como se fosse atleta,
Falha na intensão, a inspiração morre,
No dicionário de quem conta
O sucesso é sinónimo de escrita,