MINAS PARA A POSTERIDADE

MINAS PARA A POSTERIDADE

A posteridade é amanhã,

É a manhã que supomos ensolarada

Pelo nosso desejo de luz e calor.

E só o nosso desejo a faz assim:

Iluminada!

As reverberações dos raios do sol nos portais,

Os cotovelos na madeira aquecida das janelas

Abertas de par em par, 

Uma a uma

E todas ao mesmo tempo 

Na rua que desperta.

A posteridade se escoa

E se coa  como o café de cheiro forte

Que paira no ar por alguns instantes

Há alguns séculos

Nas cozinhas de Minas Gerais.

Medo de cair

 

Medo de cair

 

Vou te agarrar,

Mas com carinho,

Não precisa ter medo de cair,

Mas não de se perder.

 

Vou te segurar forte.

Vou te apertar.

Por essa felicidade,

Não é necessário se responsabilizar.

 

Enlouqueça-te imoralmente,

Pois não a deixarei escapar.

Agarre-me!

Me segura forte,

Aperta-me.

 

Deitada, sinta pulsar,

Segure em meu olhar.

Retorne levemente de onde saiu,

Sem medo de se machucar.

LIMIAR

No limiar de mim mesma hesito...

Quero me emoldurar na parede

E ficar inerte...

Oval ou quadrada?  

Escolho a moldura adequada...

Inútil..    

 

(  Observação: os dois versos, em negrito,  foram suprimidos na primeira postagem.  Acrescento-os, pois, aqui, agora.)

LIMIAR

LIMIAR

No limiar de mim mesma hesito...

Quero me emoldurar na parede

E ficar inerte...

Inútil : estou na ordem alfabética da vida

E depois do amor vem a dor, 

Depois da paixão,  a solidão...

Depois....

Depois vem essa ânsia 

E eu me transbordo,

Meus dedos percorrem a página de mim mesma:

Me traduzem, me interpretam, 

Me decompõem em parte, me analisam.

E eu, transida de medo, 

Encolho um ombro,  o outro ombro

E  a cada descoberta

Mais me assombro...

 

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