Não me fechem as portas

Não me fechem as portas, orgulhosas
Bibliotecas,
Pois justamente o que estava faltando
Em tuas prateleiras apinhadas,
É o que venho trazer
-mal acabando de sair da guerra,
um livro escrevi:
pelas palavras do meu livro, nada;
pelas intenções, tudo !
Um livro à margem,
Sem nada a ver com os restantes,
E que não pode ser sentido só
Com o intelecto.
Vocês, porém, com seus silêncios latentes,
A cada página hão de estremecer
Maravilhadas.

 

Aos farejadores sem nariz

...

Aos farejadores sem nariz

Pode um cão farejar seu próprio caminho? Talvez.
Mas e o louco?
Pode diagnostiar a própria miséria intelectual?

Nietzsche, desenhou sua genialidade, sua loucura,
Sem pudor...

Saber-se na outra extremidade,
A milhas e milhas de distância,
E ainda assim viver entre os iguais,
É um tipo de tortura contínua
Que pouquíssimos conseguem suportar.

Em seu maior momento de lucidez,
Ele abraçou um cavalo
Que sofria o espancamento cruel.

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