Ausência
Autor: Luis Filipe Ginja on Sunday, 3 February 2013
O QUE ME DEIXAS ? QUANDO CAMINHAS...
O QUE ME DEIXAS ? QUANDO CAMINHAS...
PASSOU ALGUM TEMPO,
Há uma tristeza tão grande
nas estantes vazias,
como se partidas,
as ideias tivessem
sumido no Mundo
que resta apenas
a desolação
em mogno preto.
O cheiro de abandono
percorre os corredores
como um fantasma
descrente da própria morte.
E ainda que todos
os adjetivos, verbos e advérbios
tenham impregnado as paredes,
sabe-se que a poesia acabou.
A enseada de Botafogo
que um Naif em vão tenta recriar
perde a cor aos poucos;
a face, cada vez mais pálida,
Amo quem amo,
és o meu verdadeiro amor,
ao que sinto chamo
a minha perpétua dor
Dói tanto saber
dói só de pensar
que nunca te vou ter
nem tua boca beijar
Acabou-se a minha calma
sinto falta de te ver
alimenta a minha alma
nem que seja para sofrer
Quero-te e não te posso ter
amo-te, mas não devia amar
o coração escolheu sem ver
e agora é tarde para mudar
Meu corpo pode ser teu,
mas a minha alma jamais será,
pois na noite se perdeu
e não sei se voltará
Se não te vejo desespero,
sinto falta do teu olhar,
esta noite por ti espero,
enquanto estou a sonhar
De noite viajamos
para onde pertencemos,
é aí que nos amamos,
mas de dia não nos vemos
Contigo minha outra parte,
todas as noites vou ter,
pois só assim posso amar-te,
sem que ninguém possa saber
Minha alma ou energia
do meu corpo se liberta,
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Das pessoas que atingem posições elevadas,
A realidade sendo espinhosa demais pro meu grande caráter, — me vi na casa
de Madame, um imenso pássaro azul cinza voando até as molduras do teto e
arrastando as asas nas sombras da tarde. Eu fui, aos pés do sobrecéu que
sustentava suas jóias adoradas e suas obras-primas físicas, um imenso urso de