*ARANHA*

N'um sonoro theatro antigo da Alemanha,
D'um violino aos ais, banhada de luz viva,
Surgia d'um covil uma grotesca aranha,
Dos banquetes do Som habitual conviva.

O ser sombrio e obscuro, ó meu amor! não priva
Da adoração do Bello, a adoração extranha!
E assim se embriagava a escura pensativa
Da lyrica emoção que nossa alma banha!

Mataram-a uma vez. Não mais a pobre amante
Da Musica, surgiu áquella luz brilhante;
Foi-lhe o velho theatro a sua sepultura...

Imaginário

Imaginário

 

O que pode o imaginário

tocar uma imagem projetada

ouvir segredos de alguém que não fala

mas só escreve e prepara

situações e cenários?

O que pode o imaginário

formar um mosaico

com pedras gasosas

cacos incendiários

sem pesos aparentes

arremessados por uma tela plana

sem elásticos

em um céu de mentiras nublado

em um pisca-pisca de estrelas?

O que pode o imaginário

revirar os pensamentos

OLHO DE SOGRA

 

Olho de sogra 
Vê mais do que deve...
Procura o invisível,
Aumenta e não cede...
Gosta de controlar,
Agir e participar...
Mas escolhe o pior;
Insiste em ajudar...
Põe fogo ao redor;
Diz que foi a brincar.
Assim não dá para ver,
Esse olho a nos olhar...
É preferível não ter,
Essa santa a nos cuidar...
 
 
 
 

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