Pátria

 
Teu corpo é minha pátria,
para onde sempre hei de voltar,
por mais voltas que dê no mundo,
é nele que quero habitar...

é nos seus montes e vales,
perdidos na imensidão,
que horizontes se abrem,
pelas frestas do coração...

Teu corpo é minha pátria,
foi nele que eu nasci,
meus olhos só enxergaram a vida,
desde o momento em que te vi...

fui emigrante do tempo,
foragida de mim,
andei solta no vento,
até que em teus braços cai...

Pecados da carne...absolvição da alma...

 

      
Vinhas com cheiro de terra nas mãos...cheiro de gente...cheiro do mundo, eu trazia comigo a fé e a esperança no olhar, mas no corpo carregava a força da natureza tapada pelas vestes.
Senti a minha vida devassada desde o momento em que te vi, eu que sempre conseguira calar os ímpetos da minha pele, sentia agora os apelos da carne romperem-me a candura.
Desejei ser desejada...quis com todas as minhas forças que pelas tuas mãos eu conhecesse o pecado...e tu foste as labaredas do meu inferno terreno.

Mudaste...

a cor do meu céu...
quando o pintaste com os teus sonhos,
fizeste do teu olhar o luar
que elucida as minhas noites...
pelas tuas mãos recebi as madrugadas
no meu corpo e
dei-me às manhãs anunciadas
do teu desejo...

flutuei sobre a claridade do dia,
inspirada nos teus lábios,
que sussurrando delírios
me iam arrastando para a delinquência...
o nosso cheiro disperso pelo ar,

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