EU: PRÓ-ETA

meu Senhor me assegurou

que

para onde forem-se as estações

(onde quer que eu esteja

seja deserto sórdido, seja realeza

seja damasco seja cereja)

que eu não me leve pela correnteza

nem ande cabisbaixo ou cultive asperezas

que sejam meus serenos ou sonoros

que eu não me distancie

da idade da razão

avassaladora como um cometa

ou a sua expectativa

-irrevogável vaticínio de poeta

 

 

 

 

 

 

Relíquias dos meus 12 anos

O meu nome é de rei

Muito antigo e famoso

Eu lutei e ganhei

Sou muito corajoso

Três eram eles

Os mouros sem dor

Mas com os meus exércitos valentes

Eu me tornei o “Conquistador”

Consegui o que queria

Ser rei de Portugal

Até que houve um dia

Uma guerra fatal

Minha mãe me desafiou

Para uma batalha até á morte

Na cadeia ela ficou

Pois não teve muita sorte

Passaram três anos

E minha mãe adoeceu

Não houveram muitos espantos

Porque depois morri eu

Esperança

Consigo ver onde desperta o sol

Pelos braços queima e passa

A tua luz

E do frio, pouso o meu cachecol

Iluminadas ruas de esperança

Que se despregam finalmente da cruz

Olhem como é tão belo

O que outrora não achara  

A intensidade com que se quebra o gelo

Das lágrimas que secaram na minha cara

Exercícios de futilidade

Humanidade que regressa a cada dia 
Sacode seu aterro na impureza do ar
O lixo intoxica a pele de todos
Apodrece as virtudes então perdidas
O fedor deixa a santidade fenecendo
Nas entrelinhas de um pecado eterno
Abençoado seja o homem tão mal 
Pelejando contra a morte, mesmo 
Radicalizando-a diariamente 
Oh! Deuses de minha história 
Fitando o ser e sua sorte 
Marasmos por todo horizonte
O olho seráfico é míope

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