a poesia jamais partirá
Autor: Clarice Lis Marcon on Sunday, 13 January 2013Meus pais sempre me diziam:
- filha largue a poesia,
porque você não vai trabalhar
naquele lugar carimbando
todo o dia?
É maravilhoso lá
ouvimos dizer
que os papéis nunca param de chegar
vais poder carimbar
carimbar
e carimbar
e trabalho jamais vai
lhe faltar
Eu lhes disse com um pouco de dor
pois todo e qualquer um
deseja aos pais dar orgulho:
- amados pais,
por mais que eu a poesia abandonar
sem ela
não poderei respirar
o silêncio das pedras
Autor: Clarice Lis Marcon on Sunday, 13 January 2013
Não desmereça o tempo
em sua face menos visível
atua o ínfimo
Teu poder absoluto desafia os mares
e teu cálculo impossível
entrega aos céus o meu destino
Todas as pedras me contam algo
até mesmo as pisadas que viveu
quando ainda meninos
subiam nos barcos piratas
e descobriam outros mundos
(tesouros secretos de casas amplas)
Meus austeros passos
derramam meu sangue pelo caminho
FANTASMAS DE DOMINGO
Autor: Desouza on Sunday, 13 January 2013As sombras, em penumbras, me envolvem
Numa solidão inquieta e faminta
Em meus vazios bem guardados,
Reduzem o meu dia a sofrimentos...
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Aqui, nesta cama bagunçada
Reflito o caos dos dias sequestrados
Que roubaram-me sem me pedir
Deixando-me assim, em pleno Domingo!
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Sou um fragmento do que já fui
Embriagado com a dor imortal
Que me assombra a todo momento...
Homem também chora
Autor: Arildo Lima on Sunday, 13 January 2013
O vento e as dunas
Autor: Arildo Lima on Sunday, 13 January 2013Posso comparar os sentimentos como o vento e as dunas da praia, pois os sentimentos vem e vão e deixam buracos em nossos corações e vemos que lá na frente outra pessoa está com quem ou o que você ama, do mesmo modo é com as dunas, são levadas pelo vento e de pouco a pouco ela diminui e quando percebemos, só existe um buraco e lá na frente, vemos que tem uma duna muito linda como a que estava em nossa frente.
Ouviste-me não sei quê
Autor: João de Deus on Sunday, 13 January 2013 Ouviste-me não sei quê
Trincolejar n'algibeira,
Acudiste mui lampeira,
Que me amavas. Já se vê.
Tens amado mais de mil,
Não era agora o primeiro.
Mas pensas que era dinheiro?
É a pedra e o fuzil.
Messines.
*O DOENTE ROMANTICO*
Autor: Gomes Leal on Sunday, 13 January 2013Eu sei que morrerei, discreta amante,
Antes do inverno vir; mas, lentamente,
Quero morrer á tua luz radiante,
Como os tisicos á luz do sol poente!
Sou romantico assim! O tempo ardente
Das chimeras vae longe! Vão, constante,
Morrerei crendo em ti... e o azul distante
Olhando como um sabio ou um doente!...
--Mas, eu não preso a tarde ensanguentada...
Nem o rumor do Sol!--quero a calada
Noute brumosa junto do Oceano...
Pétala dobrada para trás da rosa
Autor: Alberto Caeiro on Sunday, 13 January 2013
Escrito em 12-4-1919.
Pétala dobrada para trás da rosa que outros dizem de veludo.
CARIDADE
Autor: Bulhão Pato on Sunday, 13 January 2013