AUTO-EXAME

 

AUTO-EXAME

 

-escrevo

para quem?

-para o individual eu?

-ou para um leitor anônimo

com meu pseudônimo?

-escrevo

para me afirmar apenas?

-ou a duras penas

externar meus pensamentos

e idéias

e  (re)conhecer-me

num texto não-premeditado?

-escrevo

o que me aturde

me contamina

me contagia?

-ou talvez pretenda mais

que isto

mais que aturdir

contaminar

contagiar

o leitor/receptáculo

de minha fissão vocabular?

Silêncio

Silêncio em ti me encontro

Amarras agrilhoam o meu caminhar

Procuro na vida que incansavelmente busquei

Encontrar os filhos do meu ventre

Que na dor concebi e abracei

Pelo seu perdão anseio entregar

O amor que pintalga o meu ser

E apenas o silêncio em mim habita,

Névoas de cinza dos meus dedos deslizam

E turvas lágrimas teimam em escurecer o meu olhar,

Anseio partir para lugar algum

Na esperança de este silêncio tocar

Que em mim sem pudor devaneia,

Antropofóbicos seres povoam o meu ser

Birra

Birra de menino sempre a lastimar:
-Mamãe, estou no jogo com minha turma ,
O futebol aqui na rua vai começar
-Romário deixa disso , vá com os livros se enturmar!
-Mamãe deixe disso , o que já sei posso ensinar
Escola é muito monótona , a mochila é pesada
E esse peso, andar quilômetros , vai me matar !
-Menino, futebol vai deixar tua mente lesada
-Eu quero mesmo é como o rei Pelé jogar !
-Menino a educação nunca quebrara as tuas pernas
Futebol é uma emoção passageira , logo vai passar !

À beira-mar

Aqui neste cantinho à beira-mar

Vejo um infinito horizonte pacífico

Onde o astro rei se alinha no mar

E os seus vibrantes raios cintilantes

Se difundem nas águas.

 

Aqui neste cantinho à beira-mar

Ouço a inconfundível voz relaxante

Das ondas que sussurram o amor

E com os seus braços enlaçam

Tudo aquilo que alcançam.

 

Aqui neste cantinho à beira-mar

Sinto o inebriante cheiro reconfortante

Da maresia que perfuma o ar

E como uma indomável carícia

Se entranha na pele.

 

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