Acróstico

TU TALVEZ NUNCA SAIBAS

Talvez tu nunca saibas
Mas dormes nos meus dedos
Entre o tiramisu de manga
Do queijo mascarpone
E dos biscoitos com chocolate
Talvez tu nunca saibas
Onde as andorinhas fazem os ninhos
Mas sabes bem o sabor do frango
Com mel e gengibre como é maravilhoso
Talvez tu nunca saibas
Que há segredos entre as árvores do campo
No lombo assado com vinho do Porto
Talvez tu nunca saibas
Como as letras constroem a palavra amor
Onde os morangos se juntam ao chocolate quente

O VENTO

É só o vento que me traz todos
Vestígios que me lembram de ti
O mar fala no horizonte já vago
O nevoeiro tece nuvens macias

Os suspiros de cores de aromas
Relata o inverno a tentar despertar
Não chove lá fora, chove dentro
Do peito profundo talvez molhado

De tantas memórias tuas já perdidas
Esquecidas de mim num sopro gelado
Para salvar a minha alma em ruínas
Afastei-me de todos os nossos silêncios.

PAUSA DE VERBOS

I

Não nego que me entrego sempre
Que cheguei ao ponto do insano
Procuro refúgio nas ondas do mar
E é na loucura que no mar navego

Se o tempo insiste em levar-me
Perdi-me intoxicado na dura vida
Mergulho no vento, pó sem horas
Cada dia é estranho, já sinto na pele

II

Os meus medos costumam voar
Só queria ser, um poeta irreverente
Eu entrego-me, mas nunca me nego
Num sensível sorriso já permanente

FLORES FELIZES

FLORES FELIZES

- Sejamos felizes sem mentira
Sem desafeto, sem ilusão, sem amor
Afinal amamos todas aquelas flores
Aquelas que nascem entre rochedos
Flores que não hesitam em desafiar
A secura das folhas na brutalidade das pedras.
Sejamos livres de todas as palavras que nos ferem
- Da angústia que chega sem aviso
E da maldade que nos assombra todos os dias.

Isabel Morais Ribeiro Fonseca

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