Acróstico

homens do fato escuro

a pergunta feita lança

chegara na madrugada

apontada à criança

que nascera desarmada

os homens do fato escuro

que até o olhar agride

estrangulavam o futuro

eram os gajos da pide

pelo pai lhe perguntavam

e a criança não sabia

as lágrimas não lhe chegavam

o pai voltaria um dia

muito tempo se passou

a criança já cresceu

o seu pai nunca voltou

disseram-lhe que morreu

agora voltam de novo

os tempos de amargura

hora de acordar o povo

já lá vem a ditadura.

homens do fato escuro

a pergunta feita lança

chegara na madrugada

apontada à criança

que nascera desarmada

os homens do fato escuro

que até o olhar agride

estrangulavam o futuro

eram os gajos da pide

pelo pai lhe perguntavam

e a criança não sabia

as lágrimas não lhe chegavam

o pai voltaria um dia

muito tempo se passou

a criança já cresceu

o seu pai nunca voltou

disseram-lhe que morreu

agora voltam de novo

os tempos de amargura

hora de acordar o povo

já lá vem a ditadura.

homens do fato escuro

a pergunta feita lança

chegara na madrugada

apontada à criança

que nascera desarmada

os homens do fato escuro

que até o olhar agride

estrangulavam o futuro

eram os gajos da pide

pelo pai lhe perguntavam

e a criança não sabia

as lágrimas não lhe chegavam

o pai voltaria um dia

muito tempo se passou

a criança já cresceu

o seu pai nunca voltou

disseram-lhe que morreu

agora voltam de novo

os tempos de amargura

hora de acordar o povo

já lá vem a ditadura.

navalha

na ponta dessa navalha
que nos fere o coração
há-de gritar a metralha
quer eles queiram ou não

está longe o tal amor
partiu sem nada dizer
mas do sangue se faz cor
e nós iremos vencer

amor nunca te chamei
pois não seria verdade
mas sabes não me enganei
no teu nome liberdade

dentro de ti

na música há inquietação

no meu peito há saudade

de fazer a revolução

dentro de ti liberdade

 

do outro lado da margem

teu nome veste um lugar

como queria ter coragem

para me esquecer de lembrar

 

mas tu lá vais aparecendo

um dia sim outro não

e o poema vai nascendo

parido pela canção

largo do carmo

o nome que o largo veste

e a cidade escondeu

um mecanismo celeste

disse-me que era o teu

 

uma adivinha talvez

ou metáfora do poema

ou será: "era uma vez"

numa história de cinema

 

se o enigma descoberto

nos teus olhos acordar

digo-te: andas lá perto

mas eu escrevi sobre o mar

 

assim é o fingimento

que os poetas vão parindo

já não há mais sofrimento

porque há palavras sorrindo

o outro lado do mar

esse nome de cidade

do outro lado do mar

um dia foi liberdade

agora é naufragar

 

o melhor será esquecer

aumentando a distância

podendo assim renascer

e ser de novo criança

 

mudos são os olhares

que decifram esta margem

mas podem vir aos milhares

que não matam a coragem

 

e quando o dia quiser

mergulhar nessa cidade

será de novo mulher

a terra da liberdade   

Carrascos

carrascos podem nos chamar
dentro da casa do povo
mas não nos irão calar
até ser Abril de novo

continuamos a luta
até o fascismo acabar
que barões filhos da puta
não nos vão fazer parar

é a nossa revolução
que já se sente no ar
ouve-se agora a canção
deste povo a lutar

o primeiro dia

os teus olhos só conheço

numa folha de papel

mas esse teu doce olhar

faz parecer ácido o mel

 

hoje o medo acabou

parece que é verdade

disseste-me o teu nome

eu chamei-te liberdade

 

já esqueci as avenidas

e ruas da cidade

onde tanto me perdi

onde estavas liberdade?

 

sei que não te posso ver

por seres mais livre que o ar

ninguém te pode prender

todos te querem amar

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