Amor

Escrever nos olhos

Deixa a solidão escrever nos teus olhos
Deixa a liberdade falar na tua boca
Deixa o amor apetecer nos teus lábios
Deixa o teu corpo ser uma amante louca
 
Escreve com os olhos o que a boca não diz
Deixa o coração em pânico com a alegria
Escreve no quadro negro com os dedos de giz
Olha-me na noite com tua alma solitária e fria
 
O livro que inventas ao escrever a solidão
são páginas murmuradas por teus lábios

Aqui ou em Havana

Aqui ou em Havana
 
Aqui jaz
este meu puro espaço
agasalhado a esta erudita vontade
nunca negada
sempre aplaudida
quando rumo ao teu cais
e de imediato mergulho
meu navio transbordando ondas
lúcidas de mim
convertidas em marés vagas
e sois diurnos apaixonados
 
São só os meus cantos
que o mar ovacionando beijava
aqui onde o Tejo descansa
ou em Havana

Antes de ti...

Antes de ti,
tudo era espaço sem tempo,
partícula efémera,
sortilégio sideral…

Segui-te em rasto de cometa
num quarto crescente,
feito lua cheia,
madrugada
e sol nascente.

Somos,
conjugação intemporal,
eterna aurora boreal,
tu és poema de mim
e eu pretérito imperfeito
feito presente em ti.

Gosto Dos Teus Olhos

Sempre que fito os teus olhinhos maviosos,
De cujo encanto não me sei desenlaçar,
Sinto ternos desejos sequiosos,
De em mil laços de amor os enlaçar;

Mas quando lanço os laços de os laçar,
Eles lestos desviam caprichosos,
As minhas ânsias de os entrelaçar,
Aos meus ávidos desejos buliçosos;

E quanto mais de mim eles se esquivam,
Mais deles me enamoro e mais se avivam,
Os meus anseios de atrás deles só correr;

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