Desilusão

PEDAÇOS

Flores laços de cetim. Queimadas em cinzas!
Afogo-me nas palavras! Enterro-me no trabalho.
Nas telhas dos sonhos. Já não almejo o perdão!
Sou repleta de erros! Mato todas as lágrimas.
Nas letras que me sugam!A vida da minha mente!
No meu obscuro corpo. Já sem sons da saudade.
Ao ver a tua bela nudez. A minha alma se deleita!
Na nossa louca insensatez! O vazio gritou palavras.
No silêncio sem sentido! Gemidos de mim, de nós.

PODRIDÃO IMPOSTA

Chovia com força vidros. Vermelhos de sangue!
Partiam todos os cristais! Soltos da velha janela.
Tentava caminhar. Sem ser cortado no vermelho.
Sangue de tinta! Entre as escritas letras pretas.
Prosa sem medo. Sem o dever de suportar a dor!
O cervo tremia do caçador. Predador ansioso da mente.
Caçador de sonhos! Perdido na vastidão das almas.
De mãos sujas de barro! Lenços de asas que fazem voar.
No novo cinismo rompendo o ócio. Na partida já pronta!

Quando ela passava.

Se ela passa.

Quando ela passa.

Oh! Quando ela passa tudo passa com ela!...

Leva um bonito dia de sol, leva o cheiro das flores, leva a frescura do vento!

Quando ela passa tudo é mais fácil, tudo se ilumina.

O mundo conspira quando ela passa.

Até os pássaros cantam o seu nome, as folhas dançam num ritmo perdido pelo ar quando ela passa!

Até mesmo eu, desajeitado trapalhão balbuciante ganho jeito , e forma quando ela passa!

Na verdade agora é tudo um sonho, ela passava sim.

Passava com tudo isto, trazia tudo aquilo.

SOLETRO SEMPRE

Soletro esta minha inquietude
No nevoeiro da redonda terra
Entre a insensatez dos espinhos
Rosas que perfuram a carne branda
Pálpebras exaltadas no corpo
Devastação do fogo nas madrugadas
Há uma gestação feita de medo
No sangue derramado das palavras
Pétalas de mentira nas lágrimas de sangue
Delírio dos olhos nas palavras impróprias
Cobertas estão as portas na falácia da morte
Sepultura feita de ouro no vicio, na voz
Nas pétalas das rosas cruas de um quadro

Desconhecidos



Sombra... não passas de uma sombra....

Sombra negra,que jaz fria,

no recanto da minha insanea memória,

como um vulto, que permanece na escuridão,

silêncioso, apático e imóvel...

e continuas uma sombra;  não por prazer, apenas por escolha

ou por opção, ou talvez...

porque quando olhas para mim não vês nada senão

outra sombra..

Duas sombras somos então.

Poesia rasgada

Esse teu olhar sabe muito mas não conta nada.

É como o teu sorriso que esconde subtilmente  a vontade de partires.

Sensato o ato precoce de teres arrancado o teu coração.

Enquanto que eu num fingimento inútil tento ignorar o meu.

Apaixonadamente beijei os lábios da indiferença, e nem o seu sabor senti.

Um calor que não aquece quando o que mais precisava era de me aquecer.

Depositéi-me na esperança que talvez através do meu amor tu despertasses o teu.

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